Sebastián Núñez Castro*
O ano de 2021 marcou um caminho sem volta para o Venture Capital, após fortes injeções de capital que levaram as startups como um todo (não apenas as fintechs) a níveis de valorização nunca vistos. Somente na América Latina, neste ano, foram feitas rodadas de investimentos de mais de US$ 15 milhões, de acordo com a LAVCA (Associação de Investimento em Capital Privado na América Latina), uma cifra recorde, que supera em 320% o que foi investido em 2020, e transforma a região como a que tem o crescimento mais rápido no mundo para este tipo de investimento.
Apesar de ser um mercado em constante evolução, em 2022, a inflação, o aumento das taxas de juros, a queda dos índices da Bolsa, os problemas nas cadeias de abastecimento globais, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e o cansaço econômico geral fizeram com que os investimentos em Venture Capital caíssem 54% no segundo trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2021, segundo dados da Transactional Track Record (TTR). Além de reduzir os recursos financeiros, os fundos de investimentos têm se tornado cada vez mais seletivos na hora de investir.
No processo de amadurecimento do ecossistema de fintechs na América Latina, o Venture Capital leva em consideração diferentes variáveis na hora de determinar o investimento em empresas de base tecnológica com foco no mercado financeiro. Um modelo de negócios lucrativo, preparado para escalar e crescer rapidamente são fatores-chave para os fundos que pretendem investir nesse ambiente complexo.
Segundo um estudo de Harvard, outros aspectos interessantes que devem ser considerados na hora de buscar um investimento dos principais investidores de Venture Capital são:
- Poucos fundos de Venture Capital usam técnicas padrão de análise financeira para avaliar negócios.
- Para cada negócio que uma empresa de capital de risco fecha, a companhia analisa, em média, aproximadamente 100 oportunidades; 28 delas resultarão em uma reunião com a diretoria; 10 serão avaliadas em uma conferência de parceiros; 4,8% realizará a devida diligência; 1,7% passará a negociar um termo de compromisso com a startup; e apenas uma será financiada.
- Um negócio padrão típico leva 83 dias para ser fechado e as empresas relataram gastar, em média, 118 horas em diligências durante este período, fazendo ligações para cerca de 10 referências.
- É importante ter alguma ligação com o mundo financeiro que facilite o caminho até à porta de um fundo de Venture Capital.
- 95% das empresas de capital de risco citam os fundadores como um ator importante na decisão de buscar acordos. Enquanto 74% das empresas citaram o modelo de negócio como fator-chave, 68% falaram do mercado em que se desenvolve, e 31% mencionaram a indústria em que aplica soluções.
Na Geopagos construímos, desde a nossa fundação em 2013, um negócio consolidado e rentável, e estamos convencidos de que este é o momento certo para acelerar o crescimento da empresa, expandindo nossa infraestrutura de aceitação de pagamentos em toda a América Latina e investindo mais em P&D.
Conseguimos nosso primeiro financiamento institucional (rodada de investimento) de um parceiro como a Riverwood, que já possui um histórico de 15 anos apoiando globalmente empresas de tecnologia, além de presença e reputação de liderança na região, e de ser extremamente seletiva com o destino de seus investimentos. O financiamento também contou com a participação da Endeavor Catalyst.
*CEO e Cofundador da Geopagos