Opinião

Cibersegurança: tendências de tecnologia que podem manter seu negócio mais protegido

Bruna Cataldo*

Após a pandemia, a aceleração da transformação digital tem trazido amplos benefícios aos empreendedores: maior eficiência, menos custos, maior base de clientes, melhor compreensão do perfil desses clientes, entre outros. No entanto, esses amparos trouxeram juntos alguns desafios, um deles é o aumento das fraudes e crimes cibernéticos, que resultam em perdas financeiras diretas, mas também indiretas ao afetar a reputação com o cliente.

Em 2021, o Índice de Confiança e Segurança Digital reportou que golpes em pagamentos cresceram 70%, quando comparado a 2020. No mesmo ano, a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) identificou aumento de 165% nos golpes aplicados em clientes de instituições financeiras e, em 2022, o Mapa da Fraude identificou cerca de 5,6 milhões de tentativas de fraude no e-commerce brasileiro.

No entanto, as mesmas tecnologias que estão criando o desafio ao ajudar a sofisticar táticas de engenharia social e phishing, podem ajudar a resolvê-lo.

Tendências

Embora na berlinda, a Inteligência artificial (IA), ainda promete ser destaque por muito tempo. O desenvolvimento de modelos de IA generativa, como o ChatGPT, trouxe grandes expectativas sobre sua aplicação em cibersegurança. Mais especificamente, a de que empresas possam usá-la para analisar um grande volume de dados e identificar padrões de comportamento e tentativas de golpes, tudo em tempo real. A tendência é que as soluções não só detectem fraudes, mas tornem o processo mais preciso ao diminuir a proporção de alertas falsos, gerando ganhos de eficiência.

A IA generativa ainda tem um grande potencial de aumentar a produtividade dos processos internos nas empresas. Como modelos do tipo geram conteúdos novos interagindo no formato de conversa com os humanos, eles permitem que as rotinas de certas atividades dos times responsáveis sejam simplificadas. Isso desde que os trabalhadores sejam adequadamente treinados para interagir com a IA. 

Também popular na mídia, o blockchain está indo além do universo cripto e se tornando uma tendência no desenvolvimento de melhores processos de cibersegurança. Ao garantir que todas as transações sejam registradas de forma criptografada e que, após serem validadas, se tornem imutáveis na rede, o blockchain é visto como uma oportunidade para aumentar a transparência e segurança das operações e transações de uma empresa.

Apesar de não estar tão em evidência, a Autenticação Multifator (MFA) também vem se mostrando um dos principais mecanismos de cibersegurança, tanto na relação com os clientes, como nos processos administrativos internos.

A MFA envolve adicionar etapas de verificação para dar acesso a certos sistemas de modo que, além da senha, informações adicionais sejam demandadas. As novas camadas podem exigir um código de verificação enviado por e-mail, mensagem ou aplicativo de autenticação, ou ainda alguma forma de biometria. Essas etapas adicionais dificultam o trabalho do golpista, principalmente nos casos mais comuns de engenharia social nos quais a pessoa pode entregar a senha voluntariamente. As tendências, no entanto, vão além da proteção do acesso à informação e incluem também o armazenamento das mesmas.

Em especial, a computação em nuvem tem sido colocada como uma oportunidade para o empresário aumentar a proteção do seu negócio. Ela permite que o armazenamento e processamento de dados sejam feitos em servidores remotos, com provedores especializados que desenvolvem recursos avançados de segurança cibernética em múltiplas camadas, o que dificilmente é passível de replicação em um processo interno.

A adoção de tecnologias emergentes como inteligência artificial, blockchain, autenticação multifator e computação em nuvem com tal finalidade podem, portanto, ajudar empresas a proteger dados e manter a confiança dos clientes. Assim, é importante acompanhar os desenvolvimentos do mercado para entender o potencial de cada uma e poder avaliar quais trazem a melhor proposta de valor, caso sejam implementadas.

*Head de Pesquisa do Instituto Propague e colunista do portal