Opinião

É preciso mais do que três dias de South Summit para transformar o modelo de negócio e levar a empresa para outro patamar

Arthur Silveira*

Faz alguns dias que foi encerrada a edição do South Summit Brazil em Porto Alegre e, embora diversos conteúdos com certeza tenham impactado timelines em diferentes redes sociais, este é um alerta para as empresas que buscam inovação e tecnologia para engajar seu modelo de negócio. É preciso redobrar a atenção para o principal problema apresentado: precisamos ir além do evento.

É claro que tecnologia é importante. Mas inovar por inovar, apenas para deixar sua cartela de serviços mais ‘cool’, é andar poucas casas no jogo, pelo menos no meu entendimento. 

É preciso provocar a mente empreendedora. Para os empreendedores que estiveram no South Summit Brazil, fica a questão: o que vai fazer com que o ponteiro se movimente? O que vai levar sua empresa para outro patamar?

Um modelo de negócio vencedor se constrói em cima de eficiência financeira.  E eficiência financeira não é apenas sair dizendo que você está utilizando Embedded Finance porque facilitou o meio de pagamento do seu consumidor final. É preciso ir além.

Pensar na jornada completa do seu cliente é a base para qualquer negócio de sucesso. Pense em como você e várias pessoas chegaram no evento: de Uber, por exemplo. Como pagamos o ingresso e consumimos produtos lá dentro: com Apple Pay. Quem veio de fora, ficou onde: em um Airbnb.

Para o consumidor, isso já é senso comum, usamos sem nem pensar em quão revolucionários foram os modelos de negócio de Uber, Apple e Airbnb. A Apple rompeu toda uma tradição de emissão no mercado de cartões ao desenhar um modelo de negócio consistente que deixou toda a indústria e os consumidores confortáveis e seguros de utilizar.

O objetivo nem foi eliminar o plástico e a inovação não foi a aproximação, que já existia nos cartões. A tecnologia é a mesma utilizada por bancos, o fato de estar embarcada dentro de um dispositivo eletrônico não foi uma grande inovação. A inovação foi no modelo de negócio: prestar um serviço para bancos emissores, com um fee barato e seguro. Isso é eficiência financeira e operacional. Não é a tecnologia pela tecnologia.

Só que essa revolução está por trás das cortinas. Está na relação da Apple com os bancos. É uma parte chata, burocrática e que não é amplamente discutida em fóruns de inovação. Só que essa é a parte que, de fato, revoluciona mercados.

É muito mais empolgante discutir se o chatGPT vai dominar o mundo e se a inteligência artificial vai levar as máquinas a subjugarem os seres humanos  com memes da Skynet e do Schwarzenegger. Mas e o modelo de negócio aplicado no uso dessas ferramentas? E a eficiência financeira que pode ser elaborada? Essas coisas não aparecem nos grandes palcos, fica apenas na mesa de quem resolve.

Quando vamos descer nessa profundidade de discussão? Vamos discutir, de fato, quais serão os modelos de negócio do futuro? E como vamos implementar a eficiência financeira?

Os  modelos de negócio tradicionais estão se rompendo, estão migrando para um conceito de plataforma, onde as empresas se tornam mais parceiras umas das outras do que fornecedoras e isso é uma revolução. Isso apenas reforça que o empreendedor, um executivo, um gerente financeiro ou qualquer profissional interessado no assunto precisa modificar os processos e ir além dos três dias do evento.

*CPO da Slice