Nos últimos anos, a inovação tecnológica tem transformado profundamente o setor financeiro, desde o surgimento do Pix até a popularização das fintechs. Agora, temos uma tecnologia que promete mudar ainda mais a maneira como lidamos com as finanças: a inteligência artificial (IA) generativa.
Ao contrário das abordagens tradicionais, a IA generativa não apenas responde a perguntas baseadas em dados preexistentes, mas cria novas soluções de forma autônoma. Ela é capaz de gerar conteúdo, prever padrões complexos e, mais importante para o setor financeiro, aprender continuamente a partir dos dados que processa. Isso traz uma enorme oportunidade para a jornada de pagamentos e a personalização de serviços financeiros.
Personalização em escala
De imediato, penso que a principal mudança será a capacidade de cada instituição financeira de considerar cada CPF e CNPJ de forma hiperpersonalizada. Imagine um cenário que permitirá, em diversas frentes, como a transacional, a possibilidade de prevenir fraudes, ajustar produtos e acompanhar de maneira que o cliente receba soluções e orientações mais alinhadas ao seu caso de uso.
Hoje, as instituições financeiras oferecem produtos baseados em perfis amplos e categorizados. A IA generativa analisa em tempo real o comportamento de compra, perfil de crédito, hábitos financeiros e até o contexto econômico para criar ofertas mais precisas, como taxas de crédito mais adequadas ou investimentos customizados. Isso não apenas melhora a experiência do cliente, mas também aumenta a eficiência das instituições financeiras, que podem alocar seus recursos de forma mais inteligente.
Um exemplo prático é a otimização de fluxos de caixa em pequenas e médias empresas. A tecnologia pode aprender o comportamento financeiro de cada empresa e sugerir soluções automatizadas para melhorar a gestão de contas a pagar e receber, oferecendo crédito no momento certo, com taxas competitivas.
Redução de fraudes
O combate à fraude tem sido um dos maiores desafios no setor financeiro, especialmente com o aumento das transações digitais. A IA generativa permite que os sistemas aprendam a identificar padrões anômalos em tempo real de milhões de transações, mesmo aqueles que antes passariam despercebidos pelos sistemas de detecção tradicionais, melhorando a segurança dos pagamentos. Além disso, também contribui para a redução do spread de crédito, tornando as operações financeiras mais acessíveis e seguras, especialmente para segmentos historicamente desassistidos.
Inclusão financeira
No Brasil, milhões de pessoas ainda têm acesso limitado a crédito e serviços financeiros. Isso ocorre principalmente porque, tradicionalmente, o sistema bancário não foi desenhado para lidar com a individualidade de cada cliente de maneira eficiente.
Por exemplo, um trabalhador informal pode ser considerado de alto risco para crédito sob os métodos tradicionais. No entanto, com a análise personalizada feita pela IA, é possível identificar padrões de comportamento financeiro que demonstrem que esse indivíduo é, de fato, um bom pagador, possibilitando a oferta de crédito em condições mais justas.
Além disso, essa tecnologia pode ajudar a distribuir o crédito de forma mais eficiente em áreas e setores que realmente necessitam, reduzindo o custo financeiro de regiões desatendidas, oferecendo soluções sob medida e minimizando o risco de inadimplência.
O futuro dos pagamentos
Estamos apenas no começo dessa revolução. A IA generativa trará uma nova era de inovação para o setor de pagamentos, com instituições financeiras mais ágeis, personalizadas e seguras. O caminho para essa transformação ainda apresenta desafios, como a necessidade de adaptar sistemas legados e superar resistências culturais dentro das organizações. Mas uma coisa é certa: as empresas que souberem adotar essa tecnologia estarão à frente no mercado e proporcionarão uma experiência muito superior para seus clientes.
O futuro dos pagamentos será profundamente impactado pela IA generativa. O que antes parecia distante já está começando a se concretizar, e as oportunidades são imensas para quem souber aproveitar essa nova tecnologia.
Não é apenas mais uma tendência tecnológica; ela é um divisor de águas para o setor financeiro. À medida que avançamos nesse campo, veremos não só uma transformação na maneira como as instituições financeiras operam, mas também uma verdadeira revolução na experiência do cliente, um motor que vai impulsionar a próxima fase da jornada de pagamentos.
*CTO da Celcoin