Por Carolina Cavenaghi*, exclusivo para o Finsiders
Estudo realizado pela McKinsey & Company constatou que empresas que exercem a diversidade étnica e de gênero em suas equipes tendem a ter 29% mais probabilidade de superar seus pares em lucratividade. Ainda que com ganhos, esse ainda é um dos principais gargalos para a participação das mulheres no mercado financeiro. Para algumas vagas mais técnicas, de 50 currículos que chegam às empresas, nenhum pertence a uma mulher. Isso mostra que ainda existe uma forte cultura de baixa inclusão de gênero que precisa ser superada.
E esse é um ponto que perpassa questões morais e vai ao encontro do principal objetivo das empresas: seu core business. Não à toa, segundo estudo realizado pela Harvard Business Review, organizações que adotaram a diversidade e a inclusão como uma cultura tiveram um maior desenvolvimento em suas atividades, além do aumento do engajamento de seus colaboradores e melhora no clima organizacional. Ou seja, investir em diversidade e equidade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também é uma estratégia de negócio rentável.
Por isso, diante de mais uma data comemorativa no mês da mulher, busco abrir o debate sobre a importância deste setor adotar políticas de diversidade e inclusão em sua cultura e prática. Mais do que isso, investir em programas de recrutamento e desenvolvimento para mulheres, além de estabelecer metas claras para a promoção dessas em cargos de liderança. Tudo isso em um ambiente de trabalho seguro e inclusivo, que permita que estas se sintam à vontade para expressar suas ideias e contribuir para o desenvolvimento dos negócios.
E essa é uma pauta que precisa começar a dar passos mais largos com uma certa urgência, já que em algumas esferas, seu crescimento não tem sido tão expressivo. É o que aponta um estudo realizado pelo Trademap entre as empresas listadas no setor financeiro na B3. De acordo com o levantamento, mulheres representam apenas 14,6% da alta administração, um aumento em relação aos 8,2% registrados cinco anos atrás. A pesquisa analisou 50 empresas, que somam 1.043 executivos (diretoria e conselho de administração, incluindo suplentes), sendo apenas 154 mulheres. Dessas companhias, dez não possuem nenhuma mulher na gestão.
Segundo outro estudo, desta vez realizado pela Teva Indices, em parceria com a NuInvest, de 204 empresas analisadas, apenas uma possuía mais mulheres no conselho de administração. Na maioria das organizações, as trabalhadoras estão em menos de 40% dos assentos.
Os dados refletem bem a baixa presença de mulheres no mercado financeiro e reforçam a máxima de que quando decisões são tomadas por grupos homogêneos, pode haver uma tendência a negligenciar as necessidades e perspectivas de grupos minoritários, o que impacta diretamente na estratégias de negócios e o público que se deseja alcançar. Afinal, quanto mais pluralidade nas estratégias de produtos, mais assertividade nas ações e, consequentemente, mais resultados para a empresa.
É preciso destacar, ainda, que a baixa participação feminina no mercado financeiro é um problema não apenas para as próprias mulheres, mas também para a sociedade como um todo, uma vez que este mercado tem papel fundamental no desenvolvimento econômico do país e na melhoria da qualidade de vida das pessoas. Se as mulheres não estão presentes neste setor, perde-se uma grande oportunidade de aproveitar todo o potencial de capital humano que elas podem oferecer.
Por fim, como mulher e atuante no mercado financeiro há cerca de 20 anos, quero estimular que mais mulheres contem suas histórias de sucesso no mercado financeiro, inspirando outras a seguir o mesmo caminho. Além disso, quero incentivar a criação de redes de mulheres em seus locais de trabalho. No fim, são elas que promovem uma fonte de suporte e orientação para aquelas que chegam no setor e apoiem outras profissionais a desenvolver suas habilidades e competências.
*Carolina Cavenaghi tem 17 anos de carreira no mercado financeiro e é CEO e cofundadora da Fin4She, plataforma de conexão para mulheres e marcas que buscam se conectar com a equidade de gênero.
As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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