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O crescimento do 'OpenX' em três vetores

Em 2025, o Open Finance - que completa quatro anos no sábado (1/2) - promete incorporar mais de dez novas instituições relevantes

Imagem gerada por IA, pelo DALL-E/OpenAI
Imagem gerada por IA, pelo DALL-E/OpenAI

O conceito de OpenX segue expandindo suas fronteiras e transformando a maneira como dados são compartilhados e utilizados. Desde sua origem no setor financeiro, com o Open Banking, até fronteiras em novos setores e geografias. O crescimento ocorre em três vetores: a ampliação do escopo de participantes, a expansão para novos setores e a crescente adoção global.

No Brasil, o Open Finance já alcança grande volume de adoção. A infraestrutura regulada pelo Banco Central (BC) tem evoluído em fases, que ampliam gradualmente o alcance e a profundidade do compartilhamento de dados financeiros. Em 2025, o sistema – que completa quatro anos no sábado (1/2) – promete incorporar mais de dez novas instituições relevantes, ampliando o escopo de participantes e tornando o ecossistema ainda mais dinâmico. Esse movimento é essencial para aumentar a competitividade entre os players e proporcionar aos consumidores serviços financeiros mais personalizados e eficientes.

Outro aspecto de destaque para 2025 será a portabilidade de crédito via Open Finance. Com a crescente integração dos dados, os consumidores terão maior facilidade para transferir suas dívidas entre instituições, aproveitando melhores condições de juros e prazos. Essa funcionalidade, além de empoderar o consumidor, promove um mercado mais equilibrado, no qual a escolha e a conveniência do cliente são priorizadas.

Novas fronteiras

À medida que o Open Finance avança, o conceito de OpenX vai além do setor bancário. Dessa forma, explora novos campos que podem se beneficiar do compartilhamento de dados. No mercado de seguros, o Open Insurance já está em operação, com a expectativa de que Sociedades Processadoras de Ordem de Cliente (SPOCs) e outros casos de uso estejam plenamente funcionais até o final de 2025. 

Rogerio Melfi/ABFintechs e PilotIn. Imagem: divulgação
Rogerio Melfi/ABFintechs e PilotIn | Imagem: divulgação

Ainda dentro do universo financeiro, as discussões conduzidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o Open Capital Market devem avançar ao longo deste ano. Essa expansão para o mercado de capitais pode abrir novas possibilidades para o compartilhamento de dados em investimentos, possivelmente em um primeiro momento com foco na maior eficiência de portabilidade.

O horizonte do OpenX vai muito além do setor financeiro. Setores como saúde, governo e energia estão se tornando novas fronteiras para o modelo de dados abertos. Conceitos como Open Health, Open Gov e Open Energy já estão sendo debatidos, tanto no âmbito de cada setor quanto em discussões mais amplas sobre empoderamento e propriedade dos dados. Esses movimentos reforçam a importância de colocar o controle das informações nas mãos dos indivíduos, promovendo maior eficiência e inovação em diferentes aspectos da sociedade.

‘Open’ mundo afora

No cenário internacional, a adoção de sistemas de Open Banking e Open Finance também está em plena expansão. A Colômbia, por exemplo, optou por uma abordagem voluntária. Mesmo antes de regulamentações mais específicas, já possui plataformas operando com base em frameworks existentes. No Chile, a Lei de Portabilidade Financeira e a recente Lei Fintech criaram um ambiente propício para o Open Finance.

Na África, a Nigéria e o Quênia lideram os esforços para promover a inclusão financeira por meio do Open Banking. Ambos os países estão desenvolvendo padrões regulatórios para a interoperabilidade de dados e a integração de serviços financeiros digitais. 

Além disso, projetos globais, como o Aperta, liderado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), sinalizam um futuro de colaboração internacional. Esse projeto conecta infraestruturas de Open Finance de países como Brasil, Reino Unido e Hong Kong. Assim, permite a troca segura de dados financeiros entre diferentes jurisdições. A iniciativa abre, então, caminho para modelos de negócios transnacionais e a integração global de serviços financeiros.

A combinação de uma base regulatória robusta, novas tecnologias e o crescente reconhecimento do valor dos dados compartilhados está transformando os mercados, empoderando consumidores e empresas. Nesses três vetores, o movimento OpenX é mais do que uma tendência; é a base para um futuro mais conectado.

*Rogerio Melfi é co-fundador da fintech PilotIn e líder de Comunidade na ABFintechs.