PERSPECTIVAS

Open Finance e a "conta das coisas"

A jornada sem redirecionamento (JSR) desempenha um papel importante na viabilização desse conceito, analisa especialista

Tecnologia bancária
Tecnologia bancária | Imagem gerada pela inteligência artificial DALL-E, da OpenAI

O avanço do Open Finance abre portas para uma nova forma de gerenciarmos nossas finanças e interagimos com o mundo. Uma das possibilidades nesse cenário é a criação da “conta das coisas” ou account of things (AoT). Ela poderia viabilizar uma gestão financeira automatizada e integrada para “coisas” de nossas vidas. Por exemplo, automóveis, residências e outros dispositivos conectados.

A jornada sem redirecionamento (JSR) no Open Finance desempenha um papel importante na viabilização desse conceito.

Ao permitir que um iniciador de transação de pagamento (ITP) realize pagamentos com o consentimento do usuário diretamente, sem a necessidade de redirecionamento para o ambiente do detentor da conta, abre-se a possibilidade de criar contas financeiras dedicadas para diferentes objetos e propriedades que possuímos.

Isto é a possibilidade de uma conta específica para seu automóvel, que irá interagir diretamente com serviços financeiros. Esse ITP poderia realizar pagamentos recorrentes e variáveis, como pedágios, estacionamentos, combustível, e até mesmo multas, de forma automatizada. A experiência pode ser tão simples quanto o uso das atuais tags.

Além disso, para serviços mais complexos, como manutenção em oficinas ou abastecimento, o sistema poderia exigir um segundo fator de autenticação, garantindo segurança nas transações mais significativas.

Um outro serviço poderia oferecer uma conta específica para seu imóvel. Essa conta automatiza o pagamento de despesas fixas e variáveis, como financiamento, aluguel, condomínio, gás, água, energia, IPTU, entre outras.

E, principalmente, se você possui mais de uma residência ou utiliza imóveis para aluguel de curto prazo, como o Airbnb, uma conta separada para cada imóvel permitiria uma gestão financeira mais clara e eficiente. O serviço de cada propriedade poderia monitorar e reportar automaticamente as despesas, facilitando, assim, a separação de custos e a análise financeira detalhada de cada casa.

Gestão automática

A criação de uma “conta das coisas” para alguns tipos de objetos, especialmente em um mundo cada vez mais conectado, oferece vantagens de gestão. Ter uma conta específica para o veículo ou imovel, gerenciada automaticamente, pode ajudar a organizar as finanças. Dessa forma, garante que todas as despesas relacionadas à “coisa” sejam pagas diretamente.

No final do mês ou de um período específico, o ITP poderia automatizar a transferência do saldo final da “conta das coisas” para sua conta pessoal, simplificando ainda mais a gestão financeira. Nesse sentido, o Open Finance não só facilita o controle financeiro, mas também permite uma personalização sem precedentes, em que cada dispositivo conectado pode atuar como um agente financeiro autônomo.

O Open Finance abre novas oportunidades para o sistema financeiro, mais competitivo, eficiente, inclusivo e inovador. No entanto, para que essas inovações se tornem realidade, será essencial que as instituições financeiras e fintechs se preparem para oferecer novos serviços, como a “conta das coisas”, ou outros. Isso significa atender às demandas de um mundo cada vez mais conectado, automatizado e personalizado.

*Head de comunidade fintechs na ABFintechs.