Por Gustavo Muller*
Você já ouviu falar em ou conhece a operação de risco sacado – ou supply chain finance? Parecem nomes estranhos ou complexos? Pois é, mas se você está à frente de uma PME, deveria conhecer. A maioria das empresas, no Brasil e no mundo, são PMEs. São elas que representam boa parte dos PIBs, empregam a maioria das pessoas e impulsionam a economia. Ao mesmo tempo, são empresas marginalizadas. Marginalizadas do processo do crédito, ou pelo menos do crédito barato.
O impacto dessa marginalização é ser menos competitivo e dependente de poucas alternativas de crédito.
Isso faz sentido?
Estamos falando de milhões de empresas, mais precisamente 6,4 milhões de PMEs, no Brasil, segundo o Sebrae, que são empurradas para alternativas de financiamentos precárias, com prazos curtos, custos elevadíssimos e muitas vezes sem acesso a esses recursos escassos.
Um segmento que responde por 52% das carteiras assinadas não merece mais respeito e cuidado?
Então, por que isso acontece?
Se você pensar em como é difícil identificar e se relacionar com essa enormidade de empresas, com processos antigos e manuais, principalmente, na mão de poucos tradicionais doadores de crédito, fica mais fácil entender porque o dinheiro que chega é mais caro e minguado. A estrutura não é adequada às PMEs.
Há esperança, então, para essas empresas?
Voltando ao que me fez compartilhar essas ideias, a operação de risco sacado ou supply chain finance tem uma importância enorme e é a última salva-vidas para esse segmento de empresas que está se afogando, principalmente nesta época pandêmica em que vivemos.
Vou além: longe de ser algo oportunístico ou, como vários gostam de posicionar o produto, como uma operação tapa buraco. Esse tipo de operação deveria ser recorrente e usada com a maior frequência possível pelas PMEs, pois é a única chance delas conseguirem liquidez abundante, com preços justos. Preços esses equivalente aos dos seus clientes, que, nessa relação com as PMEs, representam riscos muito menores e, portanto, preços muito mais competitivos, que chegam a ser 70% inferiores
Mas com quem falo para participar desse tipo de operação? Ou primeiro, o que é isso?
Tanto bancos quanto fintechs possuem soluções de risco sacado ou supply chain finance, no Brasil e no mundo. Então, você pode falar com seu banco ou procurar na internet, que convenhamos é a resposta para quase tudo. Mas, seja crítico e cauteloso, pois tem de tudo na internet, os good and bad guys. Importante, ter referências e verificar a procedência dos recursos, como é a dinâmica da solução e como o provedor da solução pretende entregar a você.
Bom, agora que já entendeu com quem falar, talvez falte entender o que é.
A operação é muito simples. Basicamente, é uma antecipação do seu fluxo futuro de recebimentos, que compõem sua carteira de clientes. Portanto, você vai oferecer alguma fatura que possui em suas contas a receber a um investidor ou banco, que aplicará uma taxa de desconto nesse valor e pagará, na sua conta, o valor a receber, descontado o valor equivalente à taxa de desconto.
Exemplificando: se você vendeu uma batata para uma empresa de bens de consumo, produzirá batata palha com sua batata, por R$ 10.000,00, que será pago em 30 dias por essa empresa. Você pode vender esse direito ou essa fatura que representa o fluxo representado anteriormente a um banco. A instituição financeira aplicará uma taxa de desconto de 1% ao mês sobre o valor de R$ 10.000,00, que resultará em um pagamento de 9.999,00 na sua conta.
Agora, para ter certeza que vale a pena descontar esse direito, compare com outras taxas que você tem disponível para financiar seu capital de giro. Nessa operação que mencionei, não tem incidência de IOF, só pra você comparar batata com batata, dado que o capital de giro tem.
Se você tem uma carteira de bons clientes, não perca tempo. Procure uma solução de supply chain finance para usar.
*Fundador e CEO da Monkey Exchange*