A inovação financeira no Brasil é o resultado de décadas de avanços e decisões, conduzidas principalmente pelo Banco Central (BC), que têm transformado a maneira como o sistema financeiro opera. Desde o início dos anos 2000, o País vem sendo palco de uma série de reformas e inovações regulatórias. Esses esforços abriram caminho para um ecossistema financeiro robusto e competitivo. Ele é reconhecido internacionalmente pela adoção de tecnologias de ponta e pela criação de um ambiente propício para o surgimento de fintechs e novos modelos de negócios.
Entre os primeiros marcos recentes dessa trajetória está a reestruturação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Em 2002, foi o que trouxe maior agilidade e confiabilidade às transações financeiras. Nos anos seguintes, outras iniciativas reforçaram essa evolução, como a criação do Cadastro Positivo – o “avô” do Open Banking. O objetivo foi facilitar o acesso ao crédito, criando um histórico positivo para consumidores e promovendo a inclusão financeira. Como consequência, permitiu a personalização de ofertas de crédito.
Em 2011, a compensação de cheques por imagem trouxe ganhos significativos em eficiência e sustentabilidade. Isso eliminou a necessidade de transporte físico dos cheques, reduzindo custos e o impacto ambiental e agilizando o processo. Dois anos depois, em 2013, com a Lei nº 12.865, o BC introduziu a regulamentação para as Instituições de Pagamento (IPs). Dessa forma, criou espaço para o surgimento de fintechs e empresas de tecnologia no setor de pagamentos.
Nascimento da ABFintechs
Em 2016, sob a liderança de Ilan Goldfajn, o regulador lançou a Agenda BC+. Era uma proposta inovadora para o cenário brasileiro, que focava em áreas essenciais para o desenvolvimento do sistema financeiro, como a promoção da cidadania financeira. Também incentivou uma legislação moderna, a criação de um sistema financeiro mais eficiente e a redução do custo de crédito. O ano também marcou a fundação da ABFintechs. Desde então, a associação tem atuado como um ponto de contato essencial entre o BC, outras entidades reguladoras e o ecossistema de fintechs.
A presença da ABFintechs facilitou o diálogo entre o setor reguladores e as startups financeiras, criando uma via de mão dupla para a troca de ideias e impulsionando a inovação com segurança e responsabilidade.
Com a chegada de Roberto Campos Neto à presidência do BC em 2019, uma nova fase foi lançada. O regulador obteve autonomia, garantindo independência para conduzir suas políticas e manter o foco em um sistema voltado para o cidadão. Sob essa autonomia, Campos Neto ampliou as ações da Agenda BC+ e trouxe novas iniciativas, consolidando o Brasil como referência em inovação financeira.
Agenda BC#
A Agenda BC# seguiu com a promoção da cidadania financeira, mas também ampliou o acesso aos serviços bancários e buscou aumentar a competitividade, facilitando a entrada de novas empresas no setor e incentivando uma comunicação mais transparente para oferecer maior segurança ao consumidor. Além disso, a agenda inclui educação financeira e reforçou um compromisso com a sustentabilidade, alocando práticas ambientais, sociais e de governança como prioridades no sistema financeiro.
Inovações como o Pix, o Open Banking – que evolui para Open Finance – e o Drex têm favorecido a concorrência entre as instituições financeiras, promovendo um ecossistema financeiro digital mais justo e inclusivo.
À medida que um novo ciclo de liderança do BC se aproxima, não se espera nada diferente que a regulação continue evoluindo para responder às demandas da sociedade e acompanhar as inovações tecnológicas. Nesse cenário, o papel da ABFintechs segue como um elo entre o BC e o setor privado, facilitando o diálogo entre fintechs e o regulador.