Ano após ano, novas tecnologias surgem com o propósito de revolucionar os meios de pagamento. Com elas, ganham popularidade termos como tokenização – um dos pilares por trás das moedas digitais -, hiperpersonalização – que consiste em entregar experiências customizadas ao consumidor -, e muitos outros. Já o cartão de crédito não é tão novo. É, na verdade, um velho conhecido dos brasileiros. E talvez não seja sempre mencionado quando o assunto é inovação financeira.
Isso é um erro. Mesmo fazendo parte das nossas vidas antes até de termos smartphones e wi-Fi, o cartão segue sendo um dos produtos que mais representam e impulsionam a inovação no setor financeiro.
A tokenização é uma parte importante do processo de evolução do mercado financeiro. Ela está no cartão que guardamos nas carteiras digitais (wallets) do Apple Pay, Google Pay e Samsung Pay. Além da tokenização de ativos como garantia para operações de crédito.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), os pagamentos com cartão de crédito pela internet, aplicativos e carteiras digitais transacionaram R$ 217 bilhões no primeiro trimestre de 2024. O montante expõe aquilo que já sabemos: essa modalidade fez muito bem a transição do físico para o digital, e segue sendo a preferida dos brasileiros.
Descentralização do crédito
Então, qual seria o fator inovador que vem gerando resultados ano após ano? Com certeza estamos falando da descentralização do crédito. Antes dominado por bancos e varejistas, agora está acessível em muitos outros segmentos. Empresas estão concedendo crédito sustentável por meio de cartões, investindo em um ecossistema que fortalece seu core business, assim como criando melhores experiências, engajamento, e barreiras de saída através de cross-selling e serviços financeiros embarcados (embedded finance).
Quando falamos de hiperpersonalização, associamos de maneira muito forte com a proposta de valor do produto ou serviço, conceito que vem das demandas de uma geração que já nasce conectada. Nesse ponto, a tendência é que as empresas busquem entender profundamente as preferências e necessidades individuais dos consumidores. O intuito, assim, é oferecer produtos e serviços que se ajustem ao perfil de cada um. O desafio, no entanto, é coletar e estruturar dados para gerar a inteligência necessária para isso.
O cartão de crédito também entra aqui. Com sistemas de processamento nativos em nuvem, emissores são capazes de levantar, em tempo real, informações detalhadas sobre cada transação: onde e quando ele foi utilizado, se a compra foi feita de forma física ou digital, a categoria de serviço ou estabelecimento onde a compra foi efetuada, a média de valor gasto por cada consumidor, entre outros detalhes. Isso permite, então, conhecer os hábitos de uso dos clientes e criar serviços, experiências e descontos exclusivos para cada tipo.
Por fim, é claro que não posso deixar de mencionar a inteligência artificial (IA). Ela está fortemente incorporada aos sistemas de prevenção à fraude dos cartões. Utilizando machine learning, é possível detectar padrões incomuns de transações que podem indicar fraude, avisando o usuário em tempo real. A aprendizagem de máquina também contribui para a criação de métodos de autenticação menos intrusivos, oferecendo uma camada adicional de proteção. Tudo sem comprometer a experiência do cliente.
Resumidamente, para quem quiser estar sempre atualizado sobre as tecnologias mais relevantes em uso pelo mercado — e as que virão no futuro —, recomendo olhar atentamente para os cartões. Eles sempre estarão lá.
*Country manager da Pomelo no Brasil.