Rapidamente, o Pix se popularizou nas transferências entre pessoas físicas. Tende a ganhar força nos pagamentos de pessoas para empresas com os lançamentos deste ano – Pix por Aproximação e Pix Automático. Mas ainda há um segmento para avançar: as transações entre empresas (B2B). O volume financeiro de TED é superior ao do sistema de pagamento instantâneo, e o Banco Central (BC) tem um plano para reverter esse cenário, com expectativa de sair do papel em 2028.
Segundo Breno Lobo, chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC, as transações via TED ainda rodam em estruturas antigas e sistemas legados, com ineficiência e custo de manutenção da infraestrutura maior em relação ao Pix. “Queremos criar incentivos para que empresas passem a usar o Pix. Não é acabar com a TED na canetada, mas oferecer condições e funcionalidades para migrar”, diz Breno, em entrevista ao Finsiders Brasil, durante a “Rio Innovation Week 2025“, na quarta-feira (13/8).
Neste momento, não há uma iniciativa concreta do BC. Por ora, o regulador observa o próprio mercado desenvolver soluções para atender as necessidades das empresas. “Isso tem sido feito muito em conjunto com o Open Finance, que também tem uma demanda grande para melhorar a eficiência no B2B. Mas é um processo feito pelo mercado, mais ou menos como aconteceu com o Pix Parcelado ou o Pix Internacional”, afirma o porta-voz do BC. “Vai ter um momento que vamos chegar e falar: vamos fazer a interligação oficial, com regras padronizadas.”
Para Gilmar Hansen, vice-presidente sênior de Produtos da RecargaPay, há um grande espaço para o Pix avançar no B2B. Atualmente, segundo ele, muitos sistemas legados das empresas liquidam apenas via Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), e não por meio do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) – onde rodam as transações do Pix. “O volume de dinheiro no B2B é enorme. Os números do Pix podem subir exponencialmente ao conquistar essa fatia do B2B”, disse o executivo, no evento.
Pix Parcelado, Automático e novo recurso do MED
No curto prazo, o foco do BC é o Pix Parcelado, segundo Breno. No final de setembro, o regulador deve publicar as regras para padronizar a experiência e a oferta dessa modalidade, hoje já disponibilizada por diversos bancos e fintechs. De acordo com Breno, a medida vai estabelecer quais informações devem estar presentes no momento da contratação do produto, incluindo juros e IOF, além de definir procedimentos para cobrança. “Hoje cada banco oferece de um jeito. Queremos transparência e uma experiência uniforme, para que o cliente identifique claramente que está contratando um crédito.”
Perguntado sobre a evolução do Pix Automático, o “substituto” do débito automático lançado em junho deste ano, Breno diz que grandes já estão aderindo, mas com base menor de clientes. Mas o ritmo de crescimento está dentro do esperado, com poucos milhares de transações em junho e julho, segundo ele. “A gente vê transações de um centavo, dez centavos, que são as empresas testando.”
Entre as iniciativas de segurança, Breno lembra que o MED 2.0 entrará em operação no começo de 2026, mas no final deste ano algumas instituições financeiras já testarão o recurso, segundo ele. O MED é a sigla para Mecanismo Especial de Devolução, ferramenta criada pelo BC para facilitar as devoluções de valores transferidos via Pix em casos comprovados de fraude.
A partir de 1º de outubro deste ano, todas as instituições participantes do Pix deverão oferecer uma funcionalidade de autoatendimento do MED, lembra Breno. Isso significa que o usuário poderá contestar uma transação suspeita diretamente no aplicativo do banco. “Você clica no botão, responde umas perguntinhas e o bloqueio será instantâneo na conta do recebedor”, explica o porta-voz do BC. “O objetivo é aumentar a velocidade com que recebemos a informação de que um golpe aconteceu.”
*O jornalista viajou ao Rio de Janeiro a convite da RecargaPay.