Em meio à evolução das tecnologias de pagamento, a maquininha de cartão sobrevive. E em áreas mais distantes, serve quase como um “computador” para os pequenos comércios. Quem diz isso é o empresário Antonio Freixo, conhecido como “Mineiro”, CEO e fundador do grupo Entre, que controla a fintech EntrePay e outros negócios no setor de pagamentos.
“Todo mundo achava que a máquina ia morrer, mas vemos que ela é cada vez mais importante. Para quem trabalha nos grandes centros, isso é muito trivial. Mas para quem atua na periferia e em áreas distantes, como nós, uma maquininha é o computador da lojinha”, afirmou Mineiro, em palestra durante a 7ª edição do “Payment View”, evento realizado pela IdeaD com o banco BV, na última quarta-feira (14/5).
Segundo ele, o avanço da tecnologia e das integrações de sistemas permite a uma maquininha de cartão emitir notas fiscais, gerenciar pedidos, estoque, entre outros serviços. E essa diversidade de soluções tem sido cada vez mais mandatória para competir no mercado de adquirência (credenciamento).
O executivo acredita que a construção de um ecossistema, com diferentes parceiros, é a chave para enfrentar uma indústria altamente concorrida e com características sazonais. “O mercado é cíclico. Tem momentos em que a adquirência está bombando, daqui a pouco é a operação de banco digital. Então, precisamos estar sempre conectados de alguma forma com o cliente, e a melhor forma de fazer isso é com parceiros”, afirmou.
Para Mineiro, hoje a tecnologia para pagamentos deve ir além da oferta de APIs – sigla em inglês para interfaces de programação de aplicações, que permitem integração entre diferentes sistemas. “Quem entrega só API, vira commodity. Precisa entregar um ecossistema. E quando você constrói um ecossistema, se torna indispensável para o cliente”, disse.
‘Correspondente bancário de plataforma aberta’
Para o executivo, a competição não é mais apenas com as adquirentes, e sim com diversos players do setor financeiro de maneira geral. “Uma coisa que conseguimos fazer no universo de máquinas é poder se tornar um ‘correspondente bancário de plataforma aberta'”, disse. Segundo ele, com toda a tecnologia que existe hoje, empresas como a EntrePay – que atuam no modelo de ecossistema – conseguem fazer 90% do que uma agência bancária faz. “Não quero falar 100% porque pode ter alguma outra coisa aí”, afirmou.
Os produtos e serviços incluem, por exemplo, pagamento de contas de consumo e impostos, contratação de seguros e consórcios, saque de dinheiro, entre outros. “E o ‘Seu Manuel’ [o dono do pequeno comércio] vira o gerente do relacionamento dessa carteira de clientes que ele tem na região. Com a digitalização, nos bancos, isso ficou algo muito frio.”
O CEO da EntrePay apontou, ainda, os desafios para operar no mercado de antecipação de recebíveis de cartões. “O mercado de antecipação dá margem, mas está ficando mais escasso”, disse. Na visão dele, é preciso migrar para um modelo mais eficiente na oferta de crédito, tanto para os estabelecimentos comerciais, quanto para o consumidor final. Nesse sentido, o uso de dados é fundamental para conhecer o cliente e oferecer crédito diretamente na jornada, “na lojinha”, afirmou Mineiro.