"HAPPY BIRTHDAY"

"Fase heroica do Pix" já passou, diz diretor do BC; foco agora é segurança

O Pix por aproximação é a última milha de conveniência do sistema, na boca do caixa, disse Renato Gomes

Pagamento com QR Code - Pix
Pagamento com QR Code - Pix | Imagem: Adobe Photoshop

A fase inicial do Pix, a fase “heroica”, já ficou para trás. De acordo com Renato Gomes, diretor de organização do sistema financeiro e resolução do Banco Central (BC), o foco agora é a segurança. Ele participou nesta segunda-feira (11/11) da live do BC sobre os quatro anos de Pix: “Impactos na economia, Pix Automático e o que vem pela frente.”

A nova medida publicada hoje pelo BC altera as regras para participação no Pix. Agora, apenas instituições autorizadas e supervisionadas pelo órgão podem integrar o sistema de pagamentos. “No início, a participação era aberta para muitas instituições, inclusive sem autorização formal, para garantir uma adoção ampla e rápida”, explicou Gomes. Segundo ele, o objetivo inicial era permitir que pequenas instituições competissem em pé de igualdade com grandes bancos e, assim, assegurar que o Pix se tornasse realmente popular. “Esse aperfeiçoamento já estava previsto desde o começo.”

Lançado em novembro de 2020, o Pix atingiu rapidamente uma vasta adoção, com mais de 860 instituições financeiras participando do sistema e mais de 154 milhões de chaves cadastradas por brasileiros. “Ou seja, hoje quase todos os 160 milhões de adultos no Brasil possuem uma chave Pix”, disse.

A partir desse amadurecimento, as próximas etapas se concentram na segurança e na inclusão de novas funcionalidades. Desde 1/11, o BC exige o cadastramento de novos dispositivos para uso do Pix. E limitou transações a R$ 200 por operação ou R$ 1 mil por dia se o dispositivo não for autenticado. “Isso é para prevenir golpes onde criminosos tentam cadastrar um novo dispositivo usando informações da vítima”, explicou Gomes. Ele ressaltou, ainda, a importância da autenticação em dois fatores.

Pix na boca do caixa

Em fevereiro de 2025, uma nova funcionalidade, o Pix por aproximação, vai expandir suas possibilidades de uso. Com a tecnologia NFC, será possível realizar pagamentos apenas aproximando o celular da máquina do lojista, facilitando o uso em situações com conexão instável ou inexistente, como no metrô ou em regiões com baixa cobertura de internet. “No ecossistema Pix, ainda faltava essa última milha de conveniência na boca do caixa. E com esse produto, a gente vai ter resolvido isso, que vai trazer muito mais competição para os pagamentos de varejo”, disse Gomes.

Imagem: reprodução/YouTube

Além disso, em junho de 2025, o BC introduzirá o Pix Automático, voltado para pagamentos recorrentes. “Esse recurso vai permitir que usuários programem pagamentos como contas de luz ou assinaturas mensais”, explicou Gomes. Ele enfatizou que o usuário poderá estabelecer limites de valor, permitindo que pagamentos automaticamente dentro desses parâmetros. Essa funcionalidade, segundo ele, visa ampliar a conveniência e facilitar a concorrência bancária, já que será acessível a todas as instituições participantes do Pix, ao contrário do débito automático, que requer convênios específicos com bancos.

Essas novidades fazem parte de uma agenda evolutiva que também inclui discussões sobre o uso do Pix para pagamentos internacionais. O BC acompanha iniciativas como o Nexos, promovido pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), visando à integração de sistemas de pagamento instantâneos entre países. Segundo Gomes, a interconexão entre sistemas como o Pix e seus equivalentes em outros países pode se tornar uma solução eficiente para os complexos e custosos pagamentos transfronteiriços.