COMPETIÇÃO

PayPal anuncia entrada no mercado de adquirĂȘncia no Brasil

A decisão de operar como adquirente é parte de um plano global que começou na Europa e agora avança na América Latina

Brunno Saura/PayPal | Imagem: divulgação
Brunno Saura/PayPal | Imagem: divulgação

O PayPal anunciou nesta segunda-feira (2/6), durante o Vtex Day 2025, sua entrada no mercado de adquirência no Brasil, consolidando um novo momento na estratégia da companhia no País. A operação já está ativa, com pagamentos sendo processados em um novo modelo que amplia o escopo da empresa no ecossistema local de pagamentos. “A adquirência não é um projeto para o futuro, é uma realidade. Já lançamos, já estamos processando. Agora é um processo de ramp-up”, afirma Brunno Saura, gerente geral do PayPal no Brasil.

A decisão de operar como adquirente é parte de um plano global que começou na Europa e agora avança na América Latina. O Brasil, segundo Brunno, foi escolhido por ter uma economia que se desenvolve em velocidade acelerada e uma adoção de tecnologias financeiras muito mais rápida do que em outros mercados.

Segundo uma pesquisa feita pelo Bank of America (BofA) em março deste ano com 1 mil brasileiros, o PayPal já é o segundo neobanco mais usado pelos brasileiros, atrás apenas do Nubank.

Ao atuar também como adquirente, o PayPal dá um passo para controlar toda a jornada da transação financeira, do processamento à captura, passando pela antecipação de recebíveis. “Hoje o PayPal já faz antecipação. A adquirência só traz mais força para sermos mais eficientes em todo o ecossistema”, afirma o executivo. O PayPal tem licença de Instituição de Pagamento (IP). Ele ressalta que as principais bandeiras já estão integradas à operação. E que os comerciantes não precisarão fazer nenhuma mudança técnica para acessar os novos recursos. O objetivo é tornar a transição transparente e melhorar a experiência para vendedores e consumidores.

No pipeline

Com a estreia em adquirência, a PayPal abre uma porta para trazer produtos do portfólio global para cá. Embora ainda não revele quais novidades estão no pipeline, Brunno cita exemplos do que a empresa oferece fora do Brasil, como o Buy Now, Pay Later (BNPL) sistema de parcelamento sem cartão de crédito. Outros são a carteira digital peer-to-peer Venmo; cartões de débito vinculados à conta PayPal; e ferramentas com Inteligência Artificial (IA) integradas a bots de e-commerce.

Presente no Brasil desde 2011, o PayPal iniciou sua operação aqui como uma carteira digital, buscando espaço entre consumidores e grandes comerciantes para ganhar relevância. Nos anos seguintes, a companhia passou a oferecer soluções mais robustas, como o Braintree, um sistema completo de check-out e processamento de cartões, voltado principalmente para grandes contas. Essa solução permite integrar pagamentos por cartão de crédito, débito, carteiras digitais como Google Pay e Apple Pay, e outros métodos locais. Mais recentemente, o PayPal lançou também o Complete Payments. A plataforma é voltada para pequenos e médios negócios, que inclui ferramentas de antifraude, proteção contra chargeback e gestão de múltiplos meios de pagamento.

Primórdios

Quando o PayPal chegou ao Brasil, o comércio eletrônico local ainda engatinhava e as soluções de pagamento online estavam restritas a poucas opções. A empresa se posicionou como carteira digital e apostou em grandes varejistas e marketplaces para ganhar escala. O foco inicial era ajudar consumidores a comprar de forma mais segura. E, ao mesmo tempo, permitir que pequenos vendedores tivessem acesso a pagamentos internacionais — uma proposta que ajudou a popularizar a marca no País.

Com o tempo, o cenário mudou. O setor de pagamentos se tornou um dos mais dinâmicos da economia digital brasileira, impulsionado pelo crescimento do e-commerce, pela bancarização via fintechs e pela aceleração de soluções como o Pix. Empresas como Mercado Pago, Stone, PagSeguro, Adyen e Stripe passaram a disputar espaço tanto no varejo quanto no B2B, investindo em adquirência, antecipação de recebíveis, soluções de crédito e serviços financeiros completos. Em meio a essa nova configuração, o PayPal decidiu que era hora de dar um passo adiante.

“O PayPal não quer mais ser apenas como uma carteira digital ou um botão de check-out”, diz Brunno. “Queremos competir de igual para igual com quem lidera esse mercado. E fazer isso com tecnologia de ponta, escalabilidade global e um portfólio que vá além do que já existe no Brasil.”

Com presença em mais de 190 países, o PayPal tem hoje mais de 400 milhões de contas ativas no mundo e processa cerca de US$ 1,5 trilhão em pagamentos por ano. A empresa é considerada uma das maiores do setor globalmente, com forte presença nos Estados Unidos, Europa e, mais recentemente, um foco crescente nos mercados da América Latina e Ásia. “O investimento para virar adquirente é substancial. Estamos aqui para nos consolidar como uma das empresas líderes em pagamentos no Brasil”, afirma.