
Prestes a entrar em uma nova fase com o lançamento do “substituto” do débito automático. o Pix é sucesso de público e crítica. Atualmente, cerca de 90% das pessoas físicas e 80% das empresas no Brasil utilizam o sistema de pagamento instantâneo. “O Pix é o dinheiro que anda na velocidade do nosso tempo, que tem a velocidade das pessoas, das informações no mundo de hoje”, definiu Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), na abertura da terceira edição do “Conexão Pix“.
O evento, que está sendo realizado nesta quarta-feira (4/6) em São Paulo pelo regulador em parceria com a Zetta, marca o lançamento do Pix Automático. A estreia da modalidade, no entanto, será em 16/6. Os testes vêm ocorrendo desde o final de abril. Uma das principais novidades do Pix para este ano, a modalidade é candidata a aposentar o débito automático e tem potencial de incluir quem não tem cartão de crédito.
Em sua fala, feita de improviso apesar de ter um discurso pronto em mãos, Galípolo destacou o impacto do sistema de pagamento instantâneo ao longo dos últimos anos. Para ele, a instantaneidade do Pix é “multidimensional”. Assim, atinge não só a movimentação financeira, mas também a disseminação de informação e a própria capacidade de coordenação e colaboração entre empresas, sociedade e setor público.
‘Ativo da sociedade’
“Com todas as suas versões e inovações, [o Pix] permite a criação de um ecossistema em que novas soluções e facilidades são constantemente adicionadas”, afirmou o presidente do BC. Na visão dele, o sucesso do Pix é resultado direto da confiança coletiva e do envolvimento de todos os atores do sistema. E reforçou: “O Pix é um ativo de todos os brasileiros, da sociedade, do setor privado, das pessoas físicas e do Banco Central.”
Galípolo também enfatizou o reconhecimento internacional do Pix, hoje motivo de admiração e estudo por autoridades monetárias de outros países. “Quando viajamos, ouvimos falar de Pix mais do que de futebol. Diversas autoridades buscam convênios de transferência de tecnologia com o BC, tamanha a admiração pelo sistema”, destacou o presidente do BC.
Em relação ao Pix Automático, Galípolo disse que o novo serviço trará uma conveniência adicional a esse meio de pagamento. De acordo com ele, a modalidade deve contribuir para a inclusão de cerca de 60 milhões de brasileiros que não têm cartão de crédito e, por isso, hoje possuem dificuldade para acessar serviços recorrentes.
Efeito de rede
A colaboração entre os diferentes atores do ecossistema financeiro – bancos, fintechs, regulador e provedores de tecnologia – foi destacada na abertura do evento. “Para que o Pix Automático tenha sucesso, é preciso ter uma ação coordenada entre os vários tipos de agentes [do setor]”, defendeu Renato Gomes, diretor do Departamento de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC.
“Os consumidores terão um novo meio de realizar pagamentos recorrentes. As empresas contarão com uma nova ferramenta de cobrança. E as instituições participantes poderão ofertar o Pix Automático para empresas clientes. E também precisamos de integradores de tecnologia e Iniciadores de Transação de Pagamento [ITPs]. O objetivo desse evento, inclusive, é colocar todo mundo nesse barco. Estamos aqui para criar efeito de rede”, disse.
Nova era dos pagamentos
Gilneu Vivan, diretor de Regulação do BC, destacou o avanço da intersecção entre o Pix e o Open Finance. Segundo ele, as APIs que acompanham o Pix Automático vão facilitar a troca de instituição por parte das empresas, sem a necessidade de redesenhar toda a carteira de clientes. “O Open Finance vai permitir adicionar funcionalidades ao Pix Automático e ampliar o uso dessas informações para facilitar a experiência tanto para quem recebe quanto para quem paga”, afirmou.
Já Rodrigo Teixeira, diretor de Administração do BC, afirmou que o Pix Automático eliminará “tarefas rotineiras, fricção de processos tradicionais e ansiedade com prazos”. Para ele, a modalidade é a “materialização” de uma nova era dos pagamentos no Brasil. Rodrigo trouxe, ainda, números que dão a dimensão do Pix no País. Atualmente com mais de 175 milhões de usuários, em 2024 o sistema movimentou quase R$ 27 trilhões. “É o meio de pagamento mais popular do País, superando até mesmo cartões de débito e crédito.”
Também presente na abertura do evento, Eduardo Lopes, presidente da Zetta, fez coro sobre o impacto do Pix em tão pouco tempo. “Que empresa no mundo conseguiu lançar um produto com uma adesão tão maciça em tão pouco tempo?”, questionou ele. Para o executivo, o resultado evidencia não só o trabalho de excelência do BC, mas também a capacidade da indústria financeira de colaborar para levar a solução ao consumidor final.