POLÊMICA

Pix não 'canibalizou' cartões, diz presidente do BC

Gabriel Galípolo apresentou dados do Banco Central que mostram alta no crescimento anual das transações com cartões após o advento do Pix

Pix e cartões | Fonte: Apresentação de Gabriel Galípolo no "Blockchain Rio 2025"
Pix e cartões | Fonte: Apresentação de Gabriel Galípolo no "Blockchain Rio 2025"

Meio de pagamento mais usado no Brasil, o Pix não pode ser considerado um rival dos cartões, tampouco “canibalizou” esses instrumentos. Muito pelo contrário: a bancarização e inclusão financeira proporcionadas pelo sistema de pagamento instantâneo vêm contribuindo para uma alta no crescimento anual das transações com cartões de débito, crédito e pré-pago.

A comparação foi feita por Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), durante palestra no “Blockchain Rio 2025”, nesta quarta-feira (6/8). Conforme os dados apresentados por ele, entre 2020 e 2024 – ou seja, depois do lançamento do Pix -, a taxa de crescimento anual das transações com cartão de crédito atingiu 20,9%, contra 13,1% entre 2009 e 2019, período pré-Pix. Também houve evolução positiva para as modalidades de débito e pré-pago, citou Galípolo.

“Isso elimina qualquer ideia ou possibilidade de que tenha uma rivalidade ou que um estaria canibalizando o outro. [Os cartões] estão crescendo mais do que cresciam, em grande medida pela inclusão e bancarização que o Pix proporcionou dentro do sistema.”

Contexto

A declaração do presidente do BC vem num momento em que o Pix está na mira dos Estados Unidos. Os ataques do governo de Donald Trump ocorrem em meio ao “tarifaço imposto pelo país norte-americano aos produtos brasileiros. Além das motivações claramente políticas, Trump teria iniciado a investigação por enxergar o Pix como uma ameaça às gigantes de cartões norte-americanas, como Visa e Mastercard.

No último dia 15/7, o o escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio, de 1974. Entre outros alvos está o Pix, atacado por “práticas desleais”, de acordo com o documento. Embora não faça referência direta ao sistema, o texto menciona a “valorização de soluções de pagamento eletrônico desenvolvidas pelo próprio governo”.

Ainda de acordo com a publicação, o USTR solicitou consultas com o Brasil como parte desta investigação. Também realizará uma audiência pública no dia 3/9. Nesta terça-feira (5/8), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que o governo brasileiro dará uma resposta aos EUA em relação ao Pix no dia 18/8.