Em dois anos, PIX acumula mais de 28 bi de transações, segundo BC; instrumento promove inclusão financeira, agilidade e economia

Prestes a completar dois anos, o PIX já acumula mais de 28 bilhões de transações e quase R$ 14 bilhões em volume financeiro, segundo o Banco Central. Os dados de outubro estão ainda incompletos mas já trazem o balanço dentro do Sistema de Pagamentos Instantâneo (SPI), responsável por 85% das movimentações. No total, outubro fechou com mais de 523 milhões de chaves e mais de 138 milhões de usuários – a maioria, pessoas físicas.

De acordo com o diretor da ABFintechs e CEO da startup Iniciador, Marcelo Martins, o sucesso do pagamento se dá por trazer uma uma série de vantagens já aguardadas pelo consumidor como ter zero custo para pessoa física, funcionar 24 horas e ser rápido, com transações sendo realizadas em menos de 10 segundos.

Leonardo Cecchetto CEO e fundador da Sync, ressalta que o PIX facilitou as transações online, o que impactou milhões de pequenos negócios online no Brasil. “O pequeno empreendedor não precisa perder de 2% a 4% do seu faturamento em tarifas das adquirentes, e muito menos esperar 14 dias para que este dinheiro esteja na sua conta. Agora, é possível vender usando somente o Instagram, Facebook, TikTok, WhatsApp, tudo conectado a um catálogo digital, em que o pagamento acontece no WhatsApp com PIX”, acrescenta.

No Mercado Pago, a penetração do PIX nos pagamentos online cresceu 7 p.p. no terceiro trimestre deste ano versus terceiro trimestre de 2021 (16% para 23%); no mesmo período, houve alta de 84% nas compras online. Hoje, nos pagamentos online realizados “a vista”, a cada 5, 4 são com PIX (80%).

Boa parte desse crescimento também deve-se à estreia do Mercado Pago como Iniciador de Pagamentos, que reduz etapas e aprimora a experiência do PIX copia e cola – tanto para transferência de dinheiro, como no checkout no e-commerce. Até setembro, o Mercado Pago viabilizou 98% das transações via iniciação de pagamentos.

“Além da compensação instantânea, há a redução do custo da operação para o varejista. Com a isenção de taxas cobradas pelas transações em cartões, vouchers ou emissão de boletos, algumas vezes o estabelecimento comercial ‘direciona’ um percentual da redução para o seu cliente final – por exemplo 5% de desconto no pagamento à vista via Pix”, comenta Giuliana Cestaro, diretora de produtos e-Commerce da Fiserv para América Latina ao destacar o potencial do PIX também entre vendedores informais, profissionais liberais, lojas físicas, e-commerce e m-commerce.

Com um portfólio que engloba as diferentes ofertas da modalidade como o Pix, Pix Saque e o Pix Troco e já se antecipando para as próximas modalidades a serem regulamentadas pelo Banco Central, a Fiserv deve apresentar, em breve, soluções para Pix automático, Pix internacional, Pix cobrança 2.0, diversificação das formas de iniciação e potencial uso do Pix para split e retenção de vendas.

PIX internacional

Em fase de estudos pelo BC, o uso de PIX para transferências e pagamentos internacionais vai facilitar muito o processo de envio de dinheiro, principalmente para quem não entende os códigos e nomenclaturas envolvidos no processo (SWIFT, ABA, ROUTING, ACH, IBAN, entre outros).

“Antes, emitíamos boletos com códigos de barras que eram cobrados pelo banco emissor e demoravam até dois dias para compensação, e hoje, emitimos boletos de pagamento via sistema automaticamente com o QR Code, facilitando ainda mais o processo de recebimentos dos reais e reduzindo drasticamente o custo dos boletos antigos com códigos de barras”, diz Caio Pilato fundador e CEO da Wecambio.

Ele explica que o PIX possibilitou realizar os pagamentos durante o dia e não somente nos horários de corte como acontecia, o que facilitou a tarefa da mesa de câmbio e até ganhos financeiros, “pois se recebemos os reais dos clientes antes do combinado, trabalhamos com esse recurso em aplicação e cumprimos a data combinada previamente com os clientes assim rentabilizando ainda mais a operação”, diz.

De acordo com Daniel Carraretto e Danilo Gato, pelos especialistas em finanças e Investimentos, o PIX proporcionou a maior fluidez do dinheiro, a redução do uso de transferências tradicionais e a quase eliminação do uso de dinheiro papel, conta Carraretto. “Com o PIX, o investidor pode transferir dinheiro da sua conta corrente para a corretora sem custos. O custo de transação pode parecer irrelevante, mas levando em consideração que muitos investidores investem quantias mais módicas mensalmente, como R$ 100, por exemplo, uma taxa de transação de R$10 faria com que o investimento precisasse render aproximadamente 10% no ano só pra pagar esse custo”, afirma Gato.

Palavra de banqueiro

Levantamento feito pela Febraban mostra que em seu primeiro mês de funcionamento, o PIX já havia ultrapassado a quantidade de transações feitas com DOC. Em janeiro de 2021, superava a quantidade de TED e, em março do mesmo ano, passou na frente em número de transações feitas com boletos. Já no mês seguinte (maio), o PIX ultrapassou a soma de todos eles.

Já em relação aos cartões, o PIX ultrapassou as operações de débito em janeiro deste ano, e no mês de fevereiro foi a vez de passar na frente das transações com cartões de crédito, quando se tornou o meio de pagamento mais utilizado no Brasil.

“As transações feitas com o PIX continuam em ascensão, revelando a grande aceitação popular do novo meio de pagamento, que trouxe conveniência e facilidades para os clientes em suas transações financeiras do cotidiano. Nos últimos 12 meses, os bancos registraram um aumento de 94% das operações com a ferramenta”, afirma Isaac Sidney, presidente da Febraban.

Segundo Sidney, “o PIX é uma ferramenta fundamental para impulsionar a bancarização e a inclusão financeira no país e, desde o seu lançamento, tem se mostrado uma importante oportunidade para o Brasil reduzir a necessidade do uso de dinheiro em espécie em transações comerciais e os altos custos de transporte e logística de cédulas, que totalizam cerca de R$ 10 bilhões ao ano”, acrescenta.