OPINIÃO

Pix por aproximação é para você?

Mesmo com potencial, nova modalidade precisa evoluir para se tornar uma opção viável e acessível a todos consumidores

Pagamentos
Pagamentos | Imagem gerada por IA, pelo DALL-E/OpenAI

A proposta de implementar o Pix por aproximação está atualmente em consulta e visa introduzir uma modalidade de pagamento instantâneo. O conceito tem grande potencial para modernizar as transações financeiras no Brasil. Porém, alguns pontos merecem atenção, especialmente em relação à experiência do usuário e às restrições de uso.

No modelo proposto, o Pix por aproximação permite que as informações necessárias para a transação sejam transmitidas via NFC do dispositivo do estabelecimento comercial para a carteira digital instalada no smartphone do pagador. Esse fluxo de informações inclui o valor da transação, os dados bancários do recebedor e outros detalhes essenciais para o pagamento. Trata-se de uma maneira similar ao modelo existente do Pix “Copia e Cola”.

O processo de pagamento se inicia quando o usuário abre sua carteira digital e aproxima seu celular do terminal de pagamento do estabelecimento. Nesse momento, o dispositivo do estabelecimento envia as informações da cobrança diretamente para a carteira digital do usuário. Em seguida, a carteira digital do pagador envia estas informações ao iniciador de transação de pagamento (ITP), que valida a transação conforme o fluxo de Open Finance na jornada sem redirecionamento (JSR).

Conectividade

Uma das principais limitações da proposta é a dependência de NFC e de conectividade no dispositivo do pagador. Isso significa que apenas usuários de smartphones modernos, com NFC e conectividade, poderão utilizar o Pix por aproximação. De acordo com dados da Abecs, apenas 30% dos brasileiros utilizam celulares para pagamentos por aproximação, enquanto 78% ainda preferem o uso de cartões físicos. Esse cenário revela que muitos consumidores ainda dependem de dispositivos sem conectividade própria, o que pode restringir o alcance dessa nova modalidade de pagamento.

Outro ponto a ser considerado é a experiência do usuário. Atualmente, o processo de pagamento por aproximação com cartões é simples e direto. Ou seja, o consumidor aproxima o cartão ou dispositivo do terminal, e a transação é concluída, com solicitação de senha dependendo do valor, mas sem complicações adicionais. No entanto, a proposta do Pix por aproximação exige que o dispositivo do pagador esteja com a carteira digital aberta no celular, o que pode introduzir desafios na experiência de uso.

Experiência

A experiência também deve ser considerada do ponto de vista do recebedor. Para que o Pix por aproximação se popularize, será fundamental garantir que os processos de conciliação nos estabelecimentos sejam simples e eficientes. Idealmente, esses processos devem manter os padrões de conciliação já existentes, sem criar complexidades adicionais.

Uma forma de facilitar essa transição seria aproveitar a experiência já consolidada nos terminais de pagamento. Isso evitaria a necessidade de grandes mudanças no comportamento tanto do pagador quanto do estabelecimento. No modelo atual de pagamentos por aproximação, o dispositivo do pagador fornece a identificação, seja através de um celular, cartão de plástico ou pulseira. Já o recebedor mantém a conectividade com a empresa processadora do pagamento para todas as validações.

Embora o Pix por aproximação tenha potencial para modernizar os pagamentos no Brasil, ele ainda precisa evoluir para se tornar uma opção viável e acessível para todos os consumidores. Portanto, a adoção dessa nova tecnologia dependerá de sua capacidade de se integrar ao cotidiano dos brasileiros sem criar barreiras ou exigir mudanças significativas na experiência de pagamento.