A Visa anunciou nesta quinta-feira (5/6) o lançamento da empresa ‘Conecta’, criada para atuar em Open Finance no Brasil. “Já pedimos licença de Instituição de Pagamento (IP) ao Banco Central, que deve sair em breve”, disse a jornalistas Leonardo Enrique Silva, diretor da nova empresa. Enquanto isso, a Visa Conecta vai atuar em parceria com a Celcoin. Segundo Leonardo, o piloto começa em setembro.
A iniciativa nasceu da necessidade de atuar com Pix, método de pagamento mais usado pelos brasileiros. A licença de IP é necessária para atuar como Iniciador de Transação de Pagamento (ITP), uma espécie de intermediário que facilita, agiliza e aumenta a “conversão” dos pagamentos, principalmente no e-commerce. O ITP é o responsável pela Jornada Sem Redirecionamento (JSR) dentro do Open Finance. Com ele, o cliente não precisa sair de onde está e entrar no aplicativo seu banco para pagar uma compra.
Mas a nova empresa quer viabilizar pagamentos com Pix em diversos contextos, não apenas em compras online. Isso inclui corretoras de investimentos, contas de consumo e até mobilidade urbana. “Imagina um aplicativo de streaming ou de utilities oferecendo pagamento com Pix Automático, sem sair da tela. É isso que queremos viabilizar”, explicou.
Oportunidade
Para ele, o crescimento do Pix não é uma ameaça. “A criação da Visa Conecta prova que o Pix não é concorrente. É uma oportunidade”, disse Leonardo. A lógica, segundo o executivo, é simples: se há movimentação financeira, a Visa quer estar presente — seja com cartão, com Pix ou com qualquer outro trilho.
Sobre a competição com outras fintechs e iniciadores de pagamento, Leonardo foi direto. “O mercado hoje não é mais dividido como era antigamente. Existe cada vez mais sobreposição de modelos de negócio — e a gente vê isso com bons olhos.”
A solução tecnológica da Visa Conecta foi construída com base na plataforma da Tink, empresa sueca de Open Banking adquirida pela Visa em 2020. Segundo ele, a Visa Conecta aposta em três diferenciais principais: a tecnologia da Tink, a credibilidade da marca Visa e a capacidade de integrar com múltiplos setores. “Quando aparece a marca da Visa Conecta no processo de vínculo, isso traz segurança para o consumidor.”
Caminhos separados
Leonardo fez questão de separar os caminhos da nova empresa e da Visa tradicional. “Tudo o que está relacionado a cartões continua dentro da Visa do Brasil. A gente está criando uma estrutura nova para explorar modelos que extrapolam o mundo de cartões.”
Por exigência regulatória brasileira, a Visa Conecta não pode operar sob o mesmo CNPJ da Visa do Brasil — que é instituidor de arranjo de pagamento. Por isso, a nova empresa foi criada diretamente sob a holding global, a Visa Inc. Inclusive, ele está deixando a Visa, onde entrou há três anos exatamente para cuidar do Open FInance, para ficar somente na Conecta.
O foco inicial da Visa Conecta é a iniciação de pagamentos, mas a visão da empresa vai além. “Visa Conecta é mais do que uma empresa de Open Finance. É um hub de desenvolvimento de novas soluções digitais focadas em movimentação financeira”, disse o executivo. “Isso aqui é só o começo.”