
A CloudWalk, dona das maquininhas de cartões InfinitePay, comprou o controle da financeira SF3 (antiga Santana Financeira). O negócio se tornou público nesta quarta-feira (4/6) com a aprovação do Banco Central (BC) à mudança de controlador da SF3. A informação está no Diário Oficial da União (DOU).
O regulador também autorizou a alteração do nome da instituição, que passa a se chamar CloudWalk Financeira. O controlador final da empresa é Luis Silva, fundador e CEO da fintech, que opera desde novembro de 2022 como Instituição de Pagamento (IP) regulada.
“A obtenção da licença de financeira é mais um passo para reforçarmos nossa autonomia operacional e oferecermos uma experiência ainda mais rápida e vantajosa para nossos clientes, com taxas mais competitivas e aprovação em tempo real”, afirmou em nota Lucas Martinelli, diretor da CloudWalk, que também assume como diretor-geral da financeira. “A nova estrutura também propicia uma diversificação das fontes e redução do nosso custo de funding”, completou o executivo.
Isso porque esse tipo de instituição pode, por exemplo, levantar recursos por meio de Recibos de Depósitos Bancários (RDBs), Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), Letras de Câmbio (LCs), entre outros instrumentos de captação. Recentemente, o BC também autorizou a emissão de Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) pelas financeiras.
Contexto
A dona da InfinitePay vinha financiando as operações de antecipação de recebíveis de cartão de crédito por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). Desde 2021, a fintech levantou nove FIDCs, com cotas que somam R$ 7,7 bilhões. O último e o maior deles, no valor de R$ 2,7 bilhões, foi anunciado em dezembro do ano passado.
Desde 2019, a CloudWalk tem no Brasil a plataforma InfinitePay, presente em 100% dos municípios brasileiros, de acordo com a fintech. A base de clientes saltou de 1 milhão em 2023 para 4 milhões atualmente, também segundo a empresa. Nos Estados Unidos, a CloudWalk estreou em 2024 com o aplicativo de pagamentos Jim.com, que oferece a micro e pequenos empreendedores norte-americanos a possibilidade de receber pagamentos instantâneos no smartphone.
A fintech, que começou oferecendo maquininha de cartões, diz que vem ampliando o portfólio de produtos e serviços financeiros. E como tal, se posiciona como um ecossistema de soluções financeiras – um movimento feito por praticamente todas as credenciadores (adquirentes) como estratégia de sobrevivência num mercado extremamente competitivo.
Conforme balanço divulgado em fevereiro de 2025, a CloudWalk registrou uma receita de R$ 2,7 bilhões em 2024, um aumento de 67% em relação ao ano anterior. O lucro líquido triplicou, alcançando R$ 339 milhões. Segundo a empresa, esse desempenho é resultado direto do foco estratégico em Inteligência Artificial (IA) e blockchain.
Com o amadurecimento do ecossistema de fintechs e bancos digitais, cada vez mais vemos players migrando para “degraus” maiores na escada regulatória. No ano passado, empresas como Stone e RecargaPay receberam a aprovação do BC para evoluir de Sociedade de Crédito Direto (SCD) para financeira. Alguns dos maiores bancos digitais do País já atuam com essa licença há algum tempo, entre eles, Mercado Pago e Nubank.