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Com regulação, BC quer "colocar um pouco de ordem" no BaaS

Otavio Damaso, diretor de Regulação do Banco Central (BC), vê desenvolvimento desse mercado, mas aponta "correção de rota"

Da esq. para a dir, Silvia Scorsato (ABBC), Otavio Damaso (BC), Florence Terada e Marcos Bruno (Opice Blum Advogados)
Da esq. para a dir, Silvia Scorsato (ABBC), Otavio Damaso (BC), Florence Terada e Marcos Bruno (Opice Blum Advogados) | Imagem: Divulgação

A regulamentação do banking as a service (BaaS) no Brasil tem como objetivo “colocar um pouco de ordem” para que o segmento continue crescendo com segurança. A fala é de Otavio Damaso, diretor de Regulação do Banco Central (BC). De acordo com o porta-voz, as regras vêm para definir responsabilidades que, na prática, já existem para as instituições.

Em evento da Opice Blum Academy nesta segunda-feira (14/10), o diretor do BC destacou que há uma tendência de desenvolvimento do BaaS no País, em “todas as suas dimensões”. No entanto, algumas situações já ligaram o ‘sinal de alerta’ no regulador. “Tem algumas coisas acontecendo que não estão atendendo aos princípios tradicionais do sistema financeiro”, afirmou Damaso.

Segundo ele, o BC está com um olho na evolução do BaaS, acompanhando o desenvolvimento do segmento e dos produtos e serviços que vêm sendo oferecidos. Ao mesmo tempo, o outro olho está para o que o diretor chama de “correção de rota” para que o mercado continue crescendo com qualidade e seguindo os princípios que norteiam as transações no setor financeiro.

“A regulamentação vem para conferir mais segurança jurídica para que esse processo continue evoluindo e com segurança”, disse Damaso. Segundo o diretor, existem questões que, em algumas operações de BaaS, não estão sendo “devidamente endereçadas”. Ele dá como exemplos temas como prevenção à lavagem de dinheiro (PLD), “conheça seu cliente” (KYC, na sigla em inglês) e identificação das transações. “A regulação vem para colocar esses pontos de maneira mais clara e direta.”

A criação de regras para o BaaS é um dos movimentos do BC para apontar onde estão os limites no sistema financeiro. “Todo processo de inovação é muito bem-vindo, estamos bem abertos a isso, mas precisa ser feito com muita responsabilidade e transparência. E sempre precisa seguir os princípios de qualquer operação no sistema financeiro. Então, a regulamentação virá nessa linha.”

Consulta pública bate à porta

A regulação do BaaS passará por uma consulta pública, que deve ser publicada pelo BC neste último trimestre de 2024, conforme declaração do próprio Damaso em evento no mês passado.

O BaaS ganhou força nos últimos anos no Brasil e mundo afora. Na prática, esse modelo permite que empresas de diferentes setores possam oferecer produtos e serviços financeiros, sem necessariamente ter uma licença junto ao BC. Quem fornece a infraestrutura para isso, porém, precisa ser uma instituição regulada. O problema é que isso nem sempre fica transparente para o usuário final e, claro, para o mercado em geral.