O Conto do Vigário deu lugar à sua versão mais moderna, a engenharia social. Clientes do sistema financeiro acabam atuando ou fornecendo dados inadvertidamente, o que os leva a prejuízos financeiros e emocionais.
A afirmação é de Carolina de Assis Barros, diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central. Ela falou durante o lançamento da segunda fase da “Campanha #Tem Cara de Golpe” em São Paulo. O evento e a campanha são da Associação Brasileira de Bancos (ABBC).
A diretora lembrou que o tema “fraudes e golpes” envolvendo o Sistema Financeiro Nacional tem sido tratado com alta prioridade pelo BC. “Temos atuado de forma integrada em diversas frentes”. Segundo Carolina, algumas das ações já dão resultados. “Desde abril de 2024, vimos uma queda no crescimento dos registros de fraudes, o que pode indicar que as ações estejam surtindo efeito”. Ela se refere à Resolução Conjunta nº 6, de 2023, que instituiu base de dados para troca de informações sobre fraude no sistema financeiro. Após 9 meses de sua publicação, mais de 800 mil CPFs e quase 73 mil CNPJs compõem essa base de dados.
Educação financeira
Carolina citou outras iniciativas. Na esfera do sistema de pagamentos instantâneos, por exemplo, a mais recente prevê limites para a iniciação de transações de pagamento a partir de dispositivos não cadastrados. “Acreditamos que isso dificultará a realização de fraudes em que o agente malicioso consegue, por meio de roubo ou de engenharia social, as credenciais, como login e senha, das pessoas.”
A diretora elogiou os avanços do sistema financeiro e das inovações, mas fez uma relação direta com o aumento de desafios que o mundo cada vez mais digital e interconectado traz. “Ao tempo em que facilitam as transações financeiras para os clientes, as inovações também despertam o interesse de pessoas mal-intencionadas que procuram explorar as vulnerabilidades existentes.”
Contra engenharia social, Carolina receita educação financeira. Ela destaca a Resolução Conjunta nº 8, de 2023, por meio da qual o Banco Central “convoca” as instituições financeiras a darem um passo adiante em relação à oferta de educação financeira, entregando medidas que gerem valor ao cliente, com amplo alcance, personalizadas, que sejam objeto de avaliação e mensuração constantes, e que estejam sendo acompanhadas e aprimoradas em tempo real.
“Os golpes financeiros estão cada dia mais sofisticados. Nessa batalha, a informação é a arma mais poderosa que temos para entender o fenômeno e educar e conscientizar os consumidores financeiros.”