SISTEMA FINANCEIRO

Plano Real, 30, fertilizou terreno para o surgimento dos bancos digitais

"Os bancos digitais são os filhos do Plano Real", disse em live o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes

Dinheiro. Real, moeda. Foto: João Geraldo Borges Junior/Pixabay
Imagem: João Geraldo Borges Junior/Pixabay

O Plano Real, que completa 30 anos nesta segunda-feira dia 1/7, fertilizou o terreno para o surgimento de novos entrantes no sistema financeiro. Quem são eles? Os bancos digitais e as fintechs. “Os bancos digitais são os filhos do Plano Real”. A frase é do diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, durante live mensal do regulador.

Ele recordou que os bancos digitais são produto imediato da Lei 12.865, de 2013 – “que já vinha sendo gestada há dez anos”. Segundo Renato, depois que o Plano Real estabilizou o sistema financeiro e voltou a dar crédito, o Banco Central passou a olhar para a “dimensão competitiva”. A 12.865 é reflexo disso, da abertura do sistema a outros players para estimular a competição. “A Lei expandiu o Sistema Financeiro Nacional para muitas outras instituições. Então, eu diria que é um desdobramento das consequências do Plano Real, a segunda geração”.

O diretor aproveitou o aniversário de 30 anos do Real – que começou a valer oficialmente em 1/7/1994 – para fazer um balanço dos efeitos macroeconômicos e financeiros do Plano.

Ele destacou três medidas muito importantes adotadas pelo Banco Central na época: o lançamento dos programas de reestruturação de bancos (estaduais e privados), a criação do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e seu aperfeiçoamento institucional. “Sem o Proer não estaríamos aqui. Muito criticado na época, consumiu apenas 1% do PIB. Na Europa, a ajuda aos bancos na crise de 2008 custou mais de 5% do PIB”.

Em relação ao aperfeiçoamento institucional do BC, Renato citou tudo o que foi feito em prol da inclusão financeira e sustentabilidade nas últimas décadas. E, mais recentemente, na criação de infraestruturas públicas como o Pix, Open Finance e Drex.

Era uma vez…

Em oito anos, de 1986 a 1994, o Brasil assistiu a tentativas heterodoxas de domar a inflação – que encostou em 2.500% ao ano em 1993 – por meio de seis planos econômicos. O Real foi o único que deu certo. Baseado no tripé câmbio flutuante + regime de metas de inflação + arcabouço fiscal, contou com a adesão da população. “O lado fiscal ainda precisa avançar”, admite. A inflação, que finalizou 1994 com 916%, atingiu 22% em 1995. No acumulado de 30 anos, soma pouco mais de 700%.

Renato relembrou que em três anos, a pobreza foi reduzida a um quarto do que era antes, os salários tiveram ganho real de 30% – com a queda dos preços da cesta básica da mesma magnitude – e o salário mínimo quase dobrou. Para o diretor, o Plano Real foi mais do que um plano, “um projeto de país, a maior e mais rápida política social já implantada”.