A RecargaPay, fintech que se posiciona como um super app de pagamentos, acaba de obter autorização do Banco Central (BC) para se tornar uma financeira. A aprovação do órgão regulador está na edição desta sexta-feira (18/10) do Diário Oficial da União (DOU).
Na prática, a RecargaPay poderá evoluir sua Sociedade de Crédito Direto (SCD), licença que recebeu em 2021, para uma Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI) — nome técnico para as financeiras. Com isso, a fintech passará a ter o mesmo “status” regulatório de outras que se tornaram grandes players, entre elas, Mercado Pago e Nubank.
Em entrevista exclusiva ao Finsiders Brasil há cerca de cinco meses, o CFO Diego Escobar já havia revelado o plano de passar a atuar como uma financeira no País. Em 2023, a RecargaPay não apenas atingiu o breakeven (equilíbrio financeiro) como também avançou para um balanço azul com lucro líquido de US$ 10 milhões. “Estamos no ritmo de crescimento sustentável há pelo menos quatro anos”, contou o executivo argentino na ocasião.
Com a nova licença, a RecargaPay vai expandir a oferta de produtos de crédito, finanças pessoais e investimentos. “Nossa estratégia sempre foi entregar os melhores produtos com as taxas mais competitivas. Vamos continuar desafiando os modelos tradicionais de altos custos, oferecendo aos nossos clientes mais conveniência, agilidade e segurança”, disse Gustavo Victorica, COO e co-fundador do RecargaPay, em nota.
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‘Funding’ diversificado
Além do capital mínimo regulatório superior às SCDs, as financeiras podem captar recursos do público por meio de diferentes instrumentos. Entre eles estão Recibos de Depósitos Bancários (RDBs), Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Letras de Câmbio (LCs) – todos têm a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Esse tipo de instituição levanta dinheiro, ainda, por meio de Depósitos Interfinanceiros (DI), operações de cessão de créditos e Depósitos a Prazo com Garantia Especial do Fundo Garantidor de Créditos – DPGE.
As SCDs, por sua vez, podem operar somente com recursos próprios. Ou seja, não captam depósitos junto ao público. Muitas delas, por exemplo, cedem os créditos de sua carteira a fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) para acessar outros “bolsos”. Utilizam, ainda, instrumentos de securitização como funding para suas operações de empréstimos.
Evolução
Fundada em 2010 em Buenos Aires, capital da Argentina, a RecargaPay surgiu como um aplicativo focado em recarga de celular. Ao longo do tempo, se transformou em uma plataforma de produtos e serviços financeiros, tanto para pessoas físicas quanto para pequenas e médias empresas (PMEs).
Atualmente com mais de 9 milhões de clientes, a RecargaPay lançou neste ano um novo cartão de crédito. E para avançar no público PJ, no mês passado, anunciou um acordo para assumir a carteira de clientes microempreendedores da Celcoin.
