O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta quarta-feira (6/8) que as inovações tecnológicas criadas pelo regulador, especialmente o Pix e seus novos serviços, geram um custo de manutenção contínuo, o que vem “espremendo” o orçamento da autarquia. De acordo com Galípolo, os gastos com tecnologia já representam quase metade das despesas primárias do BC – há cinco anos, por exemplo, eram menos de um terço (veja gráfico abaixo).
Durante apresentação no evento “Blockchain Rio 2025“, o presidente do BC defendeu a PEC 65, o Projeto de Emenda à Constituição que busca garantir autonomia financeira à autarquia. “É essencial que a gente consiga avançar nessas agendas [institucionais] para que o Banco Central não sofra e seja vítima das próprias entregas”, afirmou ele.
Segundo Galípolo, cada novo serviço do Pix traz um custo de manutenção contínua. “Quase 70% do que é investido em inovação permanece depois como manutenção. E da maneira como está acontecendo, vamos ‘espremendo’ o orçamento do Banco Central”, disse o presidente do BC.
Pix é estratégico e crítico
Em meio às investigações lideradas pelo governo norte-americano de Donald Trump sobre o Pix, Galípolo defendeu o sistema de pagamento instantâneo brasileiro. O presidente do BC classificou o Pix como uma “infraestrutura estratégica e crítica para o País“, que precisa seguir sob comando do BC, seu criador. “É uma segurança para o País que ele continue sendo administrado pelo Banco Central.”
Para Galípolo, uma possível mudança de gestão do Pix para um “incumbente” causaria “conflito de interesses”, ao incluir ou excluir participantes do sistema. “É fundamental que o Pix continue sendo uma infraestrutura pública digital”, disse o presidente do BC. Ainda em sua fala, ele destacou que o sistema é fruto de uma construção coletiva entre gestões. O projeto nasceu no mandato de Ilan Goldfajn e ganhou vida com Roberto Campos Neto à frente da presidência. “A evolução do Pix acompanha essa ‘corrida de bastão”, disse Galípolo.
Atualmente com 858 milhões de chaves cadastradas e mais de 250 milhões de operações diárias, o Pix soma 159 milhões de pessoas físicas e 15 milhões de empresas. Apenas em junho, o sistema movimentou R$ 2,8 trilhões. No acumulado do primeiro semestre, foram quase R$ 16 trilhões.
Pix 2.0 e Drex
Galípolo comentou também sobre a agenda evolutiva do Pix para este ano e começo de 2026, o que vem sendo chamado de “Pix 2.0“. A lista inclui os já lançados Pix por Aproximação e Pix Automático, assim como o Pix Parcelado (previsto para setembro deste ano) e Pix em Garantia (para início de 2026). O presidente do BC destacou, ainda, o desenvolvimento do MED 2.0, nova versão do Mecanismo Especial de Devolução em caso de fraudes. O recurso deve ser lançado também em 2026.
Já em relação ao Drex, Galípolo esclareceu que a proposta brasileira não segue o modelo clássico de uma CBDC (sigla em inglês para moeda digital de banco central). A iniciativa está mais relacionada à tokenização de ativos. “Com contratos inteligentes e ativos tokenizados, o Drex vai permitir colateralizar [incluir garantia em crédito] com mais facilidade, levantar recursos e realizar transações com menos custo e menos fricção.”