INSURTECH

180 Seguros decide se especializar em parcerias com fintechs

Após fechar com quatro delas nos primeiros seis meses de operação, deve conquistar outras três ou quatro neste trimestre

Mauro D'Ancona/180 Seguros - Imagem: divulgação
Mauro D'Ancona/180 Seguros - Imagem: divulgação

A 180 Seguros, primeira insurtech brasileira a receber autorização para atuar como seguradora, decidiu se especializar em parcerias com o setor de fintechs neste trimestre. Após fechar com quatro delas nos primeiros seis meses de operação – Solfácil, Open Co, Condolivre e Paketá -, deve conquistar outras três ou quatro neste trimestre. “Seremos líder até o final do ano”, prevê o sócio fundador e CEO, Mauro Levi D’Ancona. O principal produto da 180 para as fintechs é o seguro prestamista. A apólice cobre as parcelas em caso de morte, invalidez ou perda de renda do tomador de crédito.

“Estamos negociando agora com uma fintech especializada em Buy Now Pay Later (compre agora, pague depois). E também com outras duas que, inclusive, têm como sócios grandes bancos”, diz o CEO. Para ele, isso significa que até mesmo quem tem seguradora dentro de casa entendeu que atender fintechs é diferente. “A régua de exigências tecnológicas, atenção ao cliente e de agilidade são mais altas do que a média”, diz.

Mauro e seu sócio, Franco Lamping, se conheceram no Nubank, onde trabalharam juntos por cinco anos. “Acompanhamos a jornada da fintech que começou com um cartão e hoje é um dos maiores bancos do Brasil”, diz. Ao contrário das fintechs, Mauro acredita que no caso das seguradoras as oportunidades estão nos negócios B2B2C. Ou seja, chegar ao consumidor final por meio indireto, através da oferta de soluções para empresas.

‘Copiando’ o Nubank

Ele diz que o mercado de seguros no Brasil, apesar de gigante, movimentando R$ 280 bilhões ao ano, poderia ser o dobro. O segmento de insurtechs recuperou o interesse dos investidores em 2023. Segundo a Distrito, foram US$ 74,5 milhões em aportes nas startups de seguros. Neste ano, até o fim de fevereiro, o volume investido soma US$ 37 milhões em cinco transações.

“Apesar de estar crescendo muitos nos últimos 10 anos, o setor ainda é subexplorado no Brasil”, acredita. “Os grandes canais de venda são corretores e bancos, só 10% é por parcerias. Os canais convencionais continuarão relevantes, mas as parcerias tendem a crescer muito”. É esta a onda que a nova seguradora tech quer surfar.

Mauro afirma que os canais de distribuição de seguros estão mudando, como já aconteceu com tantos outros produtos e bens de consumo como a mídia, que antes era consumida via cinema e locadora, e agora é majoritariamente por streamings. “Seguro tem que ser consumido dentro da jornada de compra, quando e onde o cliente precisa”, diz.

Segundo Mauro, entre as vantagens competitivas da 180 Seguros para o mercado de fintechs é uma tecnologia de ponta, “toda desenvolvida dentro de casa, como fez o Nubank“. O CEO afirma, ainda, “entender a cabeça” e as exigências das startups de finanças, em termos de cultura e produto: “As fintechs precisam de agilidade, flexibiidade, querem testar modelos e oferecer soluções mais customizadas”, acredita.

Mauro afirma que apesar de a demanda estar crescendo no mercado, a oferta de seguro prestamista por parte de fintechs está devagar. “A maior dor delas é como se integrar a uma seguradora. No seguro prestamista, as seguradoras ainda fazem troca de arquivo, não tem tempo real”. Segundo o empreendedor, com a 180, um cliente conseguiu “reduzir o tempo de integração de seis meses para dois dias.

Perfil

Além das quatro fintechs, a 180 fechou 2023 com outros cinco clientes, dos setores de varejo e imobiliário. Ao todo, a seguradora emitiu R$ 2 milhões de prêmios no ano passado.

Desde 2021, ano em que chegou ao mercado, a insurtech atuava no modelo B2B2C como uma corretora de seguros para empresas que querem oferecer seguros a seus clientes – o chamado ‘embedded insurance’. Ou seja, trabalhava com outras seguradoras na composição de suas ofertas – desde o desenho do produto, passando pela integração tecnológica, até o atendimento e gestão no pós-venda.

A empresa obteve mais de R$ 220 milhões em rodadas de investimentos com investidores nacionais e internacionais. A licença da Susep (órgão regulador do setor) veio em maio do ano passado, um ano depois de receber uma série A de R$ 177 milhões (US$ 31,4 milhões), liderada pelo fundo norte-americano 8VC .