Criada no ano passado para ajudar investidores em criptomoedas a declarar impostos, a Fiscal Cripto, de Guilherme Zamur, acaba de receber um aporte (de valor não revelado) da Bossanova e da Brasil Venture Capital para alavancar suas operações em 2023.
A fintech lançou a primeira integração com uma corretora, a Binance, em julho de 2021, e já “conversa” com quase metade das 100 maiores, nove redes de Blockchain, e atende mais de seis mil investidores. Mas quer ir além.
“Hoje, temos 11 pessoas no time e um plano de crescimento bem agressivo para os próximos anos. Percebemos que podemos ir além das declarações fiscais: uma vez que temos todas as informações e todas as operações registradas, podemos entregar mais valor aos clientes”, diz Zamur.
Entre as novas funcionalidades, estão o acompanhamento da performance dos ativos dos clientes (detectando lucros e prejuízos), e também sua posição consolidada de fechamento de cada mês – o que não está disponível facilmente nas corretoras nem nas redes Blockchain, afirma.
Dor do fundador
A Fiscal Cripto foi uma das pioneiras no Brasil na área – nasceu como um software que facilitava e organizava a visão dos investidores sobre seus ativos, integrando com corretoras e diferentes redes Blockchain; assim, descobria se o investidor estava ou não obrigado a declarar e em caso afirmativo, calculava os impostos.
Até agora, descobrir se estava ou não isento era gratuito – a fintech cobrava apenas se o cliente precisasse declarar. Mas a partir de janeiro, começa a trabalhar somente com planos pagos: baseados em limites de operações por mês, os preços variam de R$ 29,90 para ate 500 operações /mês até R$ 4 mil no plano “concierge”.
Como muitas startups, a ideia da Fiscal Cripto foi derivada de uma dor do próprio fundador, que investia em criptos desde 2016 e tinha dificuldades para declarar rendimentos. Daí para entender que a dor não era somente dele foi um passo.
“A quantidade de investidores vinha crescendo de forma exponencial: no final de 2021 já eram cerca de 10 milhões, o dobro dos investidores da B3. De outro lado, desde 2019 órgãos reguladores exigem obrigações bem diferentes para criptos, e que são muito mais complexas de que as para quem investe em ações. O investidor brasileiro tem que declarar mensalmente suas posições fora do Brasil e aqui dentro as corretoras não informam se eles têm limites de isenção. Além disso, não tem nada que centralize as informações, daí a dificuldade de calcular rendimentos e transformá-los em reais”, diz.
Próxima “pernada”
Zamur diz que não deu tempo de “surfar” a onda de crescimento das criptos em 2021, pois a fintech foi lançada já depois da época das declarações anuais de Imposto de Renda. Mas, segundo ele, mesmo com o mercado em crise em 2022 – particularmente a partir de maio 2022, com golpes e quedas, perdas, crises e muito problemas -, os sócios estão “olhando para a frente confiantes”.
Uma das razões desta confiança é o Projeto de Lei que foi aprovado no Congresso no mês passado. “A regulamentação é necessária para que o mercado dê a próxima pernada de desenvolvimento – e nosso serviço combina muito com o mercado mais regulamentado”, diz. “A Lei dá às criptos a chancela de ativo legítimo, traz mais segurança, controle e transparência ao mercado. Vai abrir muitas portas, inclusive para a participação de mais corretoras estrangeiras. E trará investimento de empresas também”.