Após levantar R$ 16 milhões junto a fundos de venture capital no mês passado em sua segunda captação, a Barte, plataforma de pagamentos entre empresas, agora vai estruturar um veículo de dívida para financiar operações de crédito às pequenas e médias empresas (PMEs).
Embora a estrutura mais usada por fintechs para financiar operações de crédito sejam Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), o CEO da Barte, Caetano Lacerda, diz que ainda não decidiu qual veículo usar. “Ainda é cedo para revelar qual o tipo e tamanho, mas já decidimos lançar. Até agora a gente estava testando um produto de crédito nosso, próprio, mas entendemos que esse produto tem fit com o mercado, vamos montar uma estrutura dedicada para financiar aquilo que é dívida”.
Segundo Lacerda, a fintech cresceu 10 vezes em termos de volume no ano passado: “Queremos replicar isso de novo, mas obviamente com uma base já maior; por isso estas apostas tanto em um veículo de dívida para financiar o nosso braço de empréstimos, quanto apostas em crescimento da parte de pagamentos. Esperamos conseguir um crescimento de 10 vezes – ou pelo menos de 10 vezes – nos próximos 12 meses”.
Apesar do cenário desafiador para o crédito, com juros altos e inadimplência elevada, o CEO acredita que a Barte tem vantagens comparativas, já que têm uma visão do que seus clientes recebem recorrentemente. “O grande problema em financiar PMEs é que a informação geralmente não está completa e as suas garantias não são fortes; a Barte resolve esses dois problemas através de uma plataforma que tem a informação e um histórico que as empresas constroem com a plataforma, estamos dentro do fluxo de todas as receitas e de contas a pagar; conseguimos ter muita percepção de risco e criar essa estrutura de garantias para financiar confortavelmente estas empresas”, acredita.
Lacerda atribui o fato de terem conseguido uma segunda captação junto a investidores em apenas seis meses à execução bem sucedida da proposta: a digitalização dos fluxos de pagamento associada à oferta de crédito. “Isso é o que garante a fidelidade da base dos clientes; não é porque gostam de nós, mas efetivamente porque estamos agregando valor e tirando uma dor do mercado: a demora para receber as vendas, seja através de cartões seja de boletos”, diz. Segundo ele, o segmento de PMEs B2B tem um potencial enorme para ser explorado com inovações – não só no Brasil, mas na América Latina como todo.
A rodada seed foi liderada pelo fundo NXTP – pioneiro na América Latina com 6 unicórnios no portfólio – e pelo fundo Force Over Mass, em seu primeiro investimento no Brasil; e contou com reinvestimento dos fundos que já investiam na Barte. A startup foi fundada por Lacerda, que é português, e pelo brasileiro Raphael Dyxklay.
Na prática, a Barte automatiza as transações de seus clientes – seja por meio de PIX, boletos ou cartão de crédito – e, também, uma série de processos anteriores e posteriores ao pagamento em si. A ideia é que essas empresas se preocupem menos com o seu caixa e se concentrem no seu core business.
Lacerda explica que uma das vantagens da solução está em não apenas simplificar fluxos de pagamento, mas oferecer um nível de serviço e flexibilidade tecnológica que soluções que miram o mercado como um todo não conseguem oferecer.
“A Barte se consolidou como referência para quem busca tornar seus pagamentos uma frente estratégica da empresa – e está sendo um privilégio livrar equipes de uma dor de cabeça tão grande. A rodada é um voto de confiança de fundos que nos leva a outro nível de preparo para os próximos passos da Barte. Mas sabemos que ainda temos muito trabalho pela frente”, explica.
A captação será utilizada para a expansão do negócio, produto, e na estruturação de um novo veículo de crédito, que será lançado este ano ainda. “Desde a rodada pre-seed, conquistamos mais de 2 mil empresas usuárias, montamos uma equipe com cerca de 20 pessoas e movimentamos mais de R$ 20 milhões pela plataforma”, explica.