A Barte, fintech de pagamentos B2B para pequenas e médias empresas (PMEs), está lançando um aplicativo que transforma os smartphones dos clientes em maquininhas de cartão. Esse tipo de solução, que roda por meio de tecnologia NFC, é tendência no mercado e tem sido chamada de ‘tap on phone’ ou ‘tap to pay’.
Com exclusividade ao Finsiders, o cofundador da Barte, Raphael Dyxklay, diz que a nova ‘feature’ resolve dois problemas da base de usuários. O primeiro é custo, uma vez que não há a compra de um dispositivo ou gastos com manutenção. Já o segundo é a flexibilidade.
“As próprias adquirentes vão acabar fazendo essa mudança para os celulares. Talvez a gente acelere esse processo, porque temos um DNA muito muito mais ágil e flexível. Ao mesmo tempo, temos uma vertical de mercado. De modo geral, estamos voltados para empresas com tickets médios mais altos. E esse público já não está sendo bem atendido pelas adquirentes”, diz Raphael.
Empresas maiores
Desenvolvida ao longo de três meses, a solução tem como foco inicial empresas que comercializam produtos e serviços acima de R$ 2 mil por cliente e faturam acima de R$ 500 mil/mês. Compatível com diversas bandeiras de cartões e bancos, o produto terá versões para Android e iOS, porém neste primeiro momento estará disponível apenas para aparelhos com Android.
O empreendedor acredita que o varejo tende a utilizar mais a funcionalidade. Entretanto, ressalta que a iniciativa não foi desenhada para um segmento determinado, mas para empresas com uma receita significativa. A Barte projeta que o novo aplicativo deve ter uma adesão inicial de 50% de sua base de clientes — a empresa não abre esse número.
A ferramenta pode ganhar tração também entre os pequenos que vendem de porta em porta, como os microempreendedores individuais (MEIs). “A gente está começando com o nosso perfil atual de cliente, porque temos uma série de validações para fazer com esse produto. Aos poucos, vamos expandir para clientes menores e dar acesso a essa tecnologia para todos”, diz Raphael.
Com o ‘tap to pay’, a fintech passa a permitir o parcelamento em até 21 vezes, incluindo a antecipação dos créditos pagos pelos clientes feita no dia seguinte. “Estamos oferecendo benefícios para aliviar o fluxo de caixa, que é uma dificuldade do empreendedor”, afirma o cofundador. Ao realizar a transação pelo app, o cliente paga uma taxa que varia conforme a indústria.
Movimentações
Fundada há dois anos, a Barte reúne, em sua plataforma, pagamentos e acesso a capital, para solucionar o gargalo de liquidez e fluxo de caixa das PMEs. Com milhares de clientes na base, a meta da fintech é aumentar a receita em 5x em 2024.
Há duas semanas, a empresa também anunciou a captação de R$ 20 milhões via debênture para reforçar o funding das operações de crédito. Neste ano, a fintech já liberou R$ 60 milhões e espera chegar a R$ 100 milhões até dezembro.
Além do ‘tap to pay’, a fintech tem no pipeline a exploração de parcerias com grandes plataformas de e-commerce, visando produtos com ticket médio mais elevado. Outro movimento no radar para os próximos anos é a internacionalização, e o ‘tap-to-pay’ pode contribuir nesse sentido. “Se o meu cliente quer, por exemplo, vender para alguém que está em outro país em uma transação online, agora ele consegue fazer isso na plataforma.”
Tendência
Com o acirramento da concorrência no mercado de pagamentos e a evolução da tecnologia por aproximação, ganha força a tendência do ‘tap on phone’, ou ‘tap to pay’. Em setembro, as transações contactless no Brasil superaram, pela primeira vez, os pagamentos com cartões no modelo tradicional em compras presenciais, conforme dados da Abecs.
Além da Barte, quem também colocou no ar recentemente uma solução de ‘tap on phone’ foi o banco digital Inter, em parceria com a Granito Pagamentos. Em setembro, a CloudWalk — dona da InfinitePay — passou a disponibilizar esse recurso para iPhone.
Nessa arena, a Zoop também resolveu se posicionar. A fintech de infraestrutura em serviços financeiros acaba de lançar essa modalidade no formato white-label, depois de ter desenvolvido uma solução para o Nubank.
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