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A Belvo — plataforma latinoamericana de APIs de Open Finance — tem ambição de ser um one-stop-shop para consumo de dados via Open Finance. Para avançar nessa estratégia, a fintech está lançando agora uma solução para instituições reguladas.
O novo produto, que está sendo divulgado com exclusividade ao Finsiders, permite que players dos segmentos S1 a S5, assim como SCDs (Sociedades de Crédito Direto) e IPs (Instituições de Pagamento), obtenham dados enriquecidos de outras instituições financeiras, neobanks, corretoras de valores, além de aplicativos da gig economy, como Uber e Rappi, por meio de uma só integração.
O foco continua sendo o consumo dos dados. Ou seja, a Belvo não atuará como um ‘enabler’ de Open Finance com intenção de preparar as instituições para atender aos requisitos regulatórios.
“Somos uma empresa de dados”, define Albert Morales, diretor-geral da Belvo no Brasil. “Adaptamos o enriquecimento de dados a todo o escopo do Open Banking, permitindo que os clientes já consumam uma informação com insights.”
O acesso a dados enriquecidos permite, por exemplo, que bancos desenvolvam modelos de análise de risco mais robustos, ou ainda possam consolidar as informações financeiras de seus clientes em uma única plataforma.
O primeiro cliente da nova solução está prestes a entrar em produção e é “um dos bancos líderes” no mercado brasileiro, conta Albert, que ainda não pode revelar o nome da instituição. “Estamos em conversa com instituições S2 e S3, principalmente, mas também com SCDs”, diz.
No pipeline, estão 30 novas “oportunidades sendo trabalhadas atualmente”, segundo o executivo. O potencial é maior. “Estamos falando de 400 a 450 instituições que em algum momento vão fazer integração direta ou via parceiro no Open Finance.”
Neste trimestre, a Belvo também vai iniciar o desenvolvimento de uma integração de suas APIs com notas fiscais eletrônicas (NF-e), uma fonte de dado e informação que pode ser consumida não apenas por bancos e fintechs, mas também é importante para e-commerces e varejistas, diz Albert.
Atualmente, a plataforma da Belvo tem conexão com mais de 60 instituições, incluindo grandes bancos como Banco do Brasil (BB), Bradesco, Itaú, bancos digitais como Nubank e Inter, além de players da gig economy, como Uber e Rappi. A expectativa é encerrar o trimestre com mais oito novas conexões, conta Albert. “Sem contar as conexões do OB regulado, que temos 30 instituições em produção, mas 10 funcionais.”
A fintech aguarda, ainda, a aprovação do Banco Central (BC) para operar como iniciador de transações de pagamento (ITP), uma licença que apenas quatro instituições (BB, Itaú Unibanco, Mercado Pago e BTG Pactual) possuem. Fintechs como Celcoin e Quanto já receberam aval do regulador e estão na reta final para começar a operar. A Fintech Magalu também anunciou há alguns dias que vai ter um iniciador de pagamentos.
Contexto
Fundada em 2019 pelos espanhóis Pablo Viguera e Uri Tintore, a Belvo chegou ao Brasil em 2020, conforme noticiou o Finsiders em primeira mão, em julho daquele ano.
Com clientes como Mercado Livre, Rappi, Intuit, Jeeves, Ferratum, BS2, Mobills (do Santander), entre outros, a fintech soma mais de 150 empresas no portfólio, nos três países (Brasil, México e Colômbia) onde opera — para dar uma ideia do crescimento, há cerca de um ano, eram mais de 60 clientes.
Desde o início do negócio, a Belvo já levantou US$ 56 milhões em rodadas de investimento. A última captação, de US$ 43 milhões, foi anunciada em junho do ano passado e trouxe para o captable investidores como Future Positive — a gestora de Venture Capital de Fred Blackford e Biz Stone —, Kibo Ventures, FJ Labs, além de anjos como David Vélez (Nubank) e Sebastián Mejía (Rappi).
Ainda no ano passado, a fintech anunciou uma parceria estratégica com a Visa, que também entrou como investidora no negócio, com um aporte de valor não revelado. No captable, a Belvo tem, ainda, fundos como Kaszek e Maya Capital.
Mercado
Dado o potencial do Open Finance no país, não faltam empresas que se posicionam com soluções no segmento. As iniciativas são variadas e incluem players que apoiam as instituições na jornada de adequação à regulamentação — como TecBan, CIP, Opus Software, Finansystech, Teros e outros —, além de soluções com foco em agregação, categorização e enriquecimento de dados.
Nessa segunda “categoria”, estão nomes como a própria Belvo, além de empresas como Quanto, Pluggy, Klavi e outras. A Serasa se juntou recentemente a esse grupo com o lançamento de um categorizador de transações, importado do seu braço de inovação no Reino Unido.
A lista de competidores já foi maior. O Guiabolso, por exemplo, foi um dos desbravadores do Open Banking no Brasil e vinha tentando avançar no B2B até ser adquirido pelo PicPay, no ano passado. Já a Olivia despertou o interesse do Nubank.
Apesar dos desafios, a quantidade de chamadas bem-sucedidas de APIs no Open Banking vem crescendo. Em abril, foram 233,2 milhões, contra 204,3 milhões no mês anterior. Neste mês, o número já passa de 151 milhões, com disponibilidade média de 96,28%.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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