Com avanço do trabalho remoto, Husky prevê faturar R$ 4 milhões

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Enquanto muitas empresas tiveram de se adaptar ao home office nos últimos meses, a Husky não precisou se preocupar com isso. A fintech — que tem uma plataforma para facilitar recebimento de pagamentos internacionais — atua de maneira remota desde que foi criada, em 2016, pelo desenvolvedor de software Maurício Carvalho e pelo cientista da computação Tiago Santos. O advogado Luiz Eduardo Duarte se juntou aos time de sócios em 2018.

Luiz Eduardo Duarte, Maurício Carvalho e Tiago Santos, da Husky (Crédito: Fernanda Nunes/Divulgação)
Luiz Eduardo Duarte, Maurício Carvalho e Tiago Santos, da Husky (Crédito: Fernanda Nunes/Divulgação)

Durante a pandemia, o negócio mantém crescimento acelerado, justamente porque houve um aumento na procura das empresas por profissionais que possam trabalhar remotamente, por exemplo, designers, programadores e pessoas da área de produtos, além de gamers e influenciadores digitais.

Crescimento da base

Entre fevereiro e junho deste ano, o número de novos clientes pagantes saltou 210%. Durante o período de quarentena, a quantidade de pagamentos realizados na plataforma subiu 70% em relação ao ritmo que vinha sendo apurado até fevereiro.

Hoje, a fintech tem cerca de 6 mil clientes cadastrados, sendo 2 mil ativos, que recebem pagamentos pelo menos uma vez no mês. Ao todo, cerca de 2 mil pagamentos são feitos, em média, mensalmente, o que significa um volume transacionado de cerca de US$ 2 milhões por mês.

E assim a Husky vai ganhando mais adeptos, sem necessidade de investir maciçamente em campanhas de marketing ou outras estratégias de divulgação. A indicação é o principal canal de aquisição de novos clientes.

É com o boca a boca que a empresa quer manter o crescimento de 8% a 10% ao mês. Para este ano, o faturamento esperado é de R$ 4 milhões, conta Tiago Santos, CEO da startup.

Para estimular as recomendações, a startup acaba de reformular seu programa de indicação. Antes, os clientes ganhavam cashback, mas era um modelo difícil de explicar aos usuários, segundo ele. A partir de agora, quem indicar um novo cliente ganhará um mês grátis.

Olho nos números

A Husky monitora mais de 100 indicadores, como volume financeiro, aquisição de clientes, produtividade e números do programa de indicações, entre outras métricas, diz Santos.

“Quando estourou a pandemia, nossa primeira reação foi acompanhar mais de perto todas essas mais de 100 métricas.”

No modelo bootstrapping, a fintech opera com margens altas e gera caixa. Segundo o empreendedor, a premissa do negócio sempre foi gastar menos do que ganha. Outra estratégia é a equipe reduzida, hoje com oito funcionários, todos com perfil mais sênior.

“Temos conversas com investidores estratégicos, mas são conversas no sentido de estratégia do produto, e não necessidade de capital.”

Tiago Santos, CEO da Husky (Crédito: Fernanda Nunes/Divulgação)
Tiago Santos, CEO da Husky (Crédito: Fernanda Nunes/Divulgação)

Além da plataforma para profissionais PJ, que incluem designers, desenvolvedores, gamers e influenciadores digitais, a Husky oferece uma solução para empresas que precisam fazer pagamentos em massa. Hoje, essa linha de negócio tem cerca de 30 clientes, a maior parte (70%) dos EUA.

A empresa opera como instituição de pagamento regulada pelo Banco Central (BC) e atua tanto como correspondente bancário quanto facilitador de pagamento.

Como começou

Formado em ciência da computação, Tiago Santos trabalhou na IBM por mais de sete anos. Em 2014, começou a atuar como desenvolvedor para a americana MustHaveMenus, assim como seu sócio, Maurício Carvalho. Foi nessa época que eles tiveram a ideia de montar a Husky para resolver a dor de receber pagamentos internacionais.

“A gente recebia salários quinzenalmente. Naquela época, tinha que ir na agência para pegar o dinheiro e demorava duas ou três semanas.”

Sem nenhuma experiência no setor financeiro, os dois precisaram aprender sobre regulamentação do zero. Para o empreendedor, o fato de não ter trabalhado nesse mercado ajudou a desenhar uma solução que fosse focada na experiência do usuário.

Fintechs

Para ele, a maturidade do ecossistema de fintechs no Brasil mudou bastante, principalmente nos últimos dois anos, com criação de startups com mais foco e execução. Entre os exemplos estão plataformas que viabilizam open banking, como soluções de banking as a service (leia sobre uma aqui).

“O produto conta digital, por exemplo, está deixando de ter diferencial. O que vai valer é como a conta é utilizada e por que existe.”