Num estilo mais ‘low profile’, ao contrário de um dos seus principais concorrentes (PicPay), a RecargaPay agora começa a dar mais as caras. Nesta quinta-feira (19) fez sua estreia no mercado de dívida com a emissão de uma debênture de R$ 40 milhões.
Estruturada pela securitizadora Vert Capital e pela gestora Milenio (que também investiu na emissão), a operação tem remuneração de CDI +7,5% a.a. e vencimento em 34 meses. O valor levantado será usado no financiamento de microcrédito oferecido no aplicativo aos clientes da fintech. Além disso, os empréstimos, a partir de R$ 10, têm prazo de pagamento de até 90 dias e estão espalhados por todo o Brasil.
Fundada em 2009 pelo empreendedor argentino Rodrigo Teijeiro, o aplicativo nasceu como uma ‘wallet’ digital, apenas com a funcionalidade da recarga. Hoje, além do serviço, a plataforma atua em outras frentes, como pagamento de contas, solicitação de empréstimos e parcelamentos, além de compra de gás de cozinha e vales-presente, por exemplo. A fintech ainda possui um programa de assinaturas no qual o usuário tem acesso a limites e descontos maiores. E não para por aí.
“Estamos desenvolvendo produto de crédito para empreendedores e, sobretudo, estamos esperando o Open Banking chegar para oferecer o produto certo, na taxa certa para a pessoa correta. Temos que colocar coisas no app que façam sentido entre elas”, disse Renato Camargo, country manager e CMO da Recarga Pay, em entrevista recente ao Finsiders.
Segundo ele, o mercado é grande o suficiente para que diversos players possam atuar em seus nichos, oferecer produtos e serviços customizados aos consumidores e direcionar a indústria como um todo para o futuro. “A RecargaPay vem ajudando a desenvolver o mercado desde seu surgimento e vimos que é possível fintechs e bancos tradicionais não só coexistirem, mas desenvolverem mecanismos de cooperação, o que torna a experiência do consumidor melhor”, afirmou.
Os clientes, inclusive, são os grandes motivadores para o crescimento da RecargaPay. Segundo Camargo, a divulgação mais próxima que a empresa realiza com eles é determinante para o sucesso do negócio, além, claro, dos esforços para oferecer um bom atendimento.
“Nosso posicionamento é ter um cliente que fique aqui. Não tenho corrida maluca para adquirir clientes. O ‘boca a boca’ é a melhor publicidade. Gostamos de estimulá-los a serem os maiores embaixadores da marca”, revelou ao Finsiders, quando questionado sobre a estratégia de marketing off-line num ano em que o PicPay, por exemplo, fez um grande patrocínio para o Big Brother Brasil (BB) e acabou de assinar um apoio à nova versão do Show do Milhão. Sem contar o Mercado Pago que vem construindo diversas estratégias de marketing off-line.
Originalmente, a RecargaPay tinha operações em vários países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru e Brasil, além de Espanha e Estados Unidos. Mas em 2016, a empresa decidiu dar foco para o mercado brasileiro, não apenas por ser o maior da América Latina, mas por ter grande penetração de cartões de crédito.
Em março, levantou US$ 70 milhões em uma rodada Série C, liderada pela IDC Ventures e pela Fuel Venture Capital, com participação dos fundos ATW, LUN Partners e o corporate venture da Experian. Foi o terceiro round feito pela fintech. No total, a startup já captou mais de R$ 550 milhões com investidores como IFC (braço de investimentos do Banco Mundial e que deixou o captable do Guiabolso recentemente) e FJ Labs, Fabrice Grinda (fundador da OLX e que já investiu em bxblue e Betterment, por exemplo).
Com mais de 30 milhões de downloads, o Ebitda da startup é positivo desde o fim do ano passado e a receita anualizada é de R$ 275 milhões. “Nosso foco é continuar investindo em pessoas, com crescimento sustentável. O objetivo para 2022 é grande”, garante Camargo.
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