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A Credere, que digitaliza o processo de venda financiada de automóveis, está anunciando nesta segunda-feira (24) uma parceria com a Creditas. O anúncio ocorre duas semanas depois que a fintech de Sergio Furio tornou pública uma nova solução, o Creditas Auto, conforme noticiado pelo Finsiders.
Com o acordo, a Credere amplia o número de instituições financeiras parceiras em sua base — hoje, a fintech está integrada a alguns dos principais bancos com atuação em financiamento de veículos, como Honda, Banco Pan, BV, Bradesco, Itaú e Santander.
Quanto mais opções você tiver a disposição, mais benefícios você consegue entregar ao cliente final. Com mais financeiras ligadas ao Credere, a gente consegue ajudar o mercado de veículos a avançar na direção que a gente acredita que deveria ser”, diz Orlando Seabra, CEO da Credere, em entrevista exclusiva ao Finsiders.
Como um segundo passo, a Creditas quer levar para os seus lojistas credenciados a solução da Credere. “Estamos muito focados em acelerar nossa presença no mercado de veículos e entregar aos lojistas a melhor experiência possível. A Credere tem um ambiente multibanco que torna a vida do varejista mais simples e isso está 100% alinhado com a missão da Creditas”, afirma em nota VP do Creditas Auto, Luana Bichuetti.
As fintechs estão de olho num mercado gigante. O crédito para aquisição de veículos representa 12,3% do total das operações de crédito recursos livres no país, segundo dados do Banco Central (BC). Em relação ao PIB, a fatia é de 3,8%.
No ano passado, o volume total de recursos liberados para financiamento de veículos foi de R$ 156,7 bilhões, conforme a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). Em carteira, o saldo (inclui CDC e leasing) vem crescendo desde 2017 e fechou o ano passado em R$ 284,3 bilhões, um incremento de 10,5% em relação a 2019.
Digitalização
A solução da Credere, que já conta com as etapas de simulação e envio de proposta — a partir de computador, celular ou tablet — deve ganhar uma nova função ainda no primeiro semestre deste ano, que é a formalização. Assim, a assinatura do contrato passará a ser 100% online.
Essa preocupação com a digitalização, inclusive, foi determinante para o negócio a partir do momento em que os fundadores vieram para São Paulo, e passaram a integrar o ecossistema de startups do Cubo Itaú. Depois de anos atendendo a outras regiões do país — sobretudo Norte, Nordeste e Centro-Oeste — ao chegarem à capital paulista, já tinham uma visão bastante consolidada da realidade brasileira quando o assunto é inclusão digital.
“A gente tem que saber como é a conexão, que tipo de equipamento este vendedor usa, que tipo de cliente é ele, que produto está procurando. Essa visão de ‘Brasil de verdade’ foi um dos grandes trunfos que levou a gente para esse lugar que estamos hoje, principalmente depois de se conectar com esse mercado de São Paulo/nacional”. “Tem vendedor em uma concessionária no interior do Amazonas usando Credere”, completa.
Crescimento
Orlando conta que, com a pandemia, achou que a empresa iria ser fortemente atingida, sobretudo pelo fato do mercado de veículos ainda ser dependente da loja física. Entretanto, este mesmo segmento enxergou na solução da Credere um gateway de pagamento para uma operação de venda online.
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“O primeiro ano de pandemia foi de crescimento forte. A gente quase dobrou os clientes da nossa carteira. Nós saímos de aproximadamente 30 mil propostas de financiamento/mês para um número próximo de 50 mil”, lembra.
Atualmente, a startup atende mais de 250 varejistas de veículos em 25 Estados brasileiros. Só em 2020, a Credere registrou mais de 1,8 milhão de simulações de crédito e R$ 1 bilhão em propostas de financiamento pagas pelos bancos, 50% maior comparado a 2019. Para 2021, a expectativa é fechar com R$ 3 bilhões em propostas.
Também no ano passado, recebeu um aporte de R$ 2,5 milhões liderado pela Domo Invest, com participação da Bossa Nova Investimentos. No total, a fintech fundada por Orlando Seabra, Sanderson Santana e Fred Alecrim já levantou R$ 4,1 milhões. Tem no captable, além da Domo e da Bossa, os investidores-anjos Marcelo Alecrim, presidente do Grupo Ale Combustíveis, e Jucelino Souza, ex-CEO da Ale.
Evolução
Seabra cita algumas das expectativas da empresa para este ano, o que inclui novidades no modelo de negócios. “A gente tem o plano de triplicar de tamanho em 18 meses e entrar forte no mercado de 4 rodas, integrar com mais financeiras e montar operações mais sofisticadas”, diz. Para o ano que vem, está prevista uma Série A, revela ao Finsiders.
A Creditas também segue em ritmo acelerado. Há duas semanas, divulgou seus resultados do primeiro trimestre, em busca de maior transparência e, claro, já de olho num futuro IPO. A carteira de crédito atingiu R$ 1,54 bilhões nos três primeiros meses do ano, alta de 73,1% em relação ao mesmo período de 2020.
A originação de novos empréstimos cresceu 56,7% em igual intervalo, atingindo R$ 420,7 milhões no primeiro trimestre de 2021. Já as receitas tiveram uma expansão de 49,6%, para R$ 124,2 milhões.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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