A Dock, empresa de tecnologia de serviços financeiros que nasceu dentro da Conductor em 2018, tem grandes planos para este ano e o próximo – e já começou a colocá-los em prática. Segundo seu CEO, Fred Amaral, eles estão ampliando sua oferta de serviços para clientes, expandindo a presença na América Latina. O grupo também deve partir para a abertura de capital num futuro próximo, provavelmente já em 2022.
“Com a entrada em vigor do PIX, o sistema de pagamentos eletrônicos do Banco Central, muitos bancos digitais menores perderam receita, pois vem enfrentando dificuldades operacionais para participar do sistema. Vamos passar a oferecer mais opções de serviços, para que eles possam substituir a receita que aferiam com boletos, TEDs e DOCs”, antecipa o CEO. A Dock vai disponibilizar em breve serviços de seguro, cartões de crédito e empréstimos.
“Estamos construindo uma tecnologia para oferecer empréstimo pessoal integrando fundos de terceiros e criando um marketplace de crédito para os clientes, e a partir de julho vamos oferecer também a nossa licença de emissor de cartão de crédito para as nossas fintechs oferecerem o serviço de cartão, pois fazer diretamente é muito custoso (envolve constituição de garantias e obtenção de licenças, por exemplo)”, informa. Hoje, a Dock oferece cartão de débito com bandeira Visa, e testa o de crédito com dois clientes de maneira piloto.
A Dock atua basicamente com dois modelos de negócios: Bank as a Service (BaaS) e Fintech as a Service (FaaS). “As a Service” é uma nova maneira de cobrar por serviços de TI, onde o cliente paga só pelo que usa.
Segundo Amaral, no segundo semestre a Dock começará a dar passos largos para oferecer serviço de FaaS em escala global, começando pela América Latina – hoje tem três clientes em três países da região compram sua tecnologia de BaaS. “Temos 11 diretorias e 350 pessoas no time – queremos chegar em 450 até o final do ano”, informa Amaral.
Soluções customizadas
No BaaS, a empresa oferece serviços completos de tecnologia para qualquer empresa não financeira criar um banco do zero – a maioria dos seus clientes são transportadoras/embarcadoras e restaurantes. “O BaaS corta caminho para os clientes; fazemos o trabalho na ‘cozinha’ do negócio e o cliente fica focado em testar o conceito no mercado e na melhor experiência para o cliente”, diz Amaral, explicando que a Dock lida com todas as bandeiras de cartões, órgãos reguladores, processos de tesouraria e compliance, por exemplo.
No outro, a Dock apenas transforma varejistas e outras empresas que já tenham uma licença financeira em fintechs – mas não precisa “alugar” sua própria licença para esses clientes nem cuidam da “cozinha”. Segundo ele, 85% dos clientes contratam BaaS e o resto FaaS – mas do ponto de vista de volume de contas ativas, a proporção é inversa: 45% está no BaaS e o resto no FaaS. “Estamos preparando novidades também para proporcionar aos nossos clientes de FaaS se conectarem ao Open Banking”, informa.
Os clientes de BaaS da Dock querem bancos digitais para pagar frete dos caminhoneiros, independentes ou agregados, um aplicativo especializado no segmento; adquirência e sub adquirentes de cartões – entregam maquininha na mão de pequenas empresas ou mesmo pessoas, que recebe pelas vendas (os recebíveis caem numa conta digital, através da qual é possível fazer PIX e transferências). “Temos alguns clientes que precisam de produtos muito customizados, de pagamento de uma Darf de modo automático até a gestão dos funcionários dentro do próprio app, como restaurantes”, diz.