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Pouco antes da pandemia, a gestora de patrimônio italiana Azimut Wealth Management resolveu colocar na rua uma nova plataforma de assessoria financeira online. Entre fevereiro e março, nascia a Consulenza Investimentos, uma wealth tech que mira o investidor de varejo.
A ideia não é entrar na bastante acirrada disputa das plataformas abertas de investimento, mas concorrer de igual para igual com todos os players, conta em entrevista exclusiva à Finsiders o economista Luis Gustavo Jorge Politi, sócio da Consulenza Investimentos.
Com passagens por Boa Vista, Itaú BBA e Brazilian Finance, o executivo foi contratado há dois anos pelo grupo Azimut para desenhar e liderar a operação da Conzulenza, depois de fazer um mestrado em finanças na França para estudar o uso de inteligência artificial nos investimentos.
“Estamos mirando o cara que está na poupança, no CDI. É esse público que estamos mirando e que vai precisar diversificar os investimentos. Queremos trazer a expertise em construir portfólios personalizados para clientes e transformar isso em um serviço para o varejo.”
A Consulenza atua com dois modelos: o investidor pode selecionar um portfólio recomendado com base no seu perfil de risco, de maneira automatizada, ou optar pelo “self-service” a partir de uma lista de fundos de investimento, fundos de previdência e papéis de renda fixa.
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As carteiras recomendadas exigem aplicação mínima de R$ 5 mil. Para o portfólio de previdência, o tíquete inicial é de R$ 1 mil. Na prateleira, há atualmente mais de 200 fundos disponíveis de casas como AZ Quest, Brasil Plural, ARX, entre outras. Apesar de ser 100% digital, a Consulenza aposta em um atendimento próximo ao cliente, como fazem as gestoras de fortunas.
Em cinco meses de atuação, cerca de 500 contas foram abertas e a plataforma soma algo como R$ 30 milhões sob custódia. Sem divulgar a expectativa até o fim do ano, Politi considera satisfatório terminar o ano com 1 mil contas e cerca de R$ 70 milhões sob custódia.
“Não temos guidance, mas estamos bastante otimistas.”
A iniciativa nasceu dentro da Azimut, liderada por Antonio Costa, e tem a gestora de patrimônio como principal investidora. Fundado em 1989 na Itália, o grupo Azimut está presente em 19 países e é uma das maiores gestoras de patrimônio independente da Europa, com cerca de 57 bilhões de euros sob gestão. No Brasil, a Azimut Wealth Management gere R$ 8 bilhões.
O projeto foi idealizado em 2018 e desenvolvido ao longo do ano passado. Funciona como uma startup dentro do grupo Azimut, usando toda a infraestrutura e o suporte da instituição, inclusive do ponto de vista regulatório — todas as operações na Consulenza Investimentos são feitas pela Azimut Brasil DTVM.
O passo seguinte foi montar um time de tecnologia para construir a plataforma, conta Politi.
“No simulador, tem muita estatística. Com objetivo, perfil de risco e horizonte de tempo, a gente faz o cálculo dessas variáveis e coloca opção de portfólio otimizado com melhor risco e retorno.”
Apesar de não querer entrar na briga das plataformas abertas, Politi sabe que a concorrência é grande. “Estou no mar aberto, é um trabalho desafiador. Não é um processo que se faz do dia para a noite”, diz. Para ele, a evolução do mercado favorece o avanço de novas plataformas de investimento. O investidor está atrás também de alternativas fora dos grandes bancos.
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