EXCLUSIVO: Celcoin recebe aval do BC para operar como IP

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A Celcoin, plataforma de Open Finance, acaba de receber autorização do Banco Central (BC) para operar como IP (Instituição de Pagamento) na modalidade de emissor de moeda eletrônica e iniciadora de transação de pagamento (ITP ou PISP, na sigla em inglês), nova figura criada pelo regulador para operar na fase 3 do Open Banking.

Com a licença, a fintech passará a ter acesso direto à CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos), ao SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro) e ao SPI (Sistema de Pagamento Instantâneos), podendo oferecer novas soluções de infraestrutura em serviços financeiros.

Além disso, a figura regulatória de iniciador permitirá oferecer APIs de Open Banking para consultas e iniciação de pagamentos. A empresa já está preparada para atender à certificação de segurança conhecida como padrão FAPI, além da conformidade regulatória, e vem participando ativamente dos grupos de trabalho que estão definindo o padrão aberto no Brasil.

“A gente passa, por exemplo, a emitir e liquidar, boletos diretamente na CIP, além de acessar diretamente o SPB. Temos mais de 50 clientes usando nossas APIs de Pix, e podemos habilitá-los para serem participantes indiretos. Com a licença, também conseguimos oferecer novas soluções de Open Banking e core banking, entre outros serviços”, explica Marcelo França, CEO e cofundador da Celcon, com exclusividade ao Finsiders.

Com as conexões diretas e o volume atual de transações na plataforma, a Celcoin estima incrementar a receita anual em mais de R$ 20 milhões. “A licença traz essa receita adicional e é um selo que reforça nossa robustez”, afirma Marcelo, citando que o processo de obtenção da licença de IP levou cerca de um ano e meio — a fintech entrou com o pedido no BC quando ultrapassou o volume transacionado de R$ 500 milhões nos últimos 12 meses.

A Celcoin se posiciona como uma grande plataforma de Open Finance e almeja ser um ‘one-stop-shop’ de serviços financeiros abertos, por meio de APIs, usando agora uma licença própria.

A solução — chamada por Marcelo também de grande ‘Lego’ de serviços financeiros abertos — é utilizada hoje por 190 clientes. No início do ano passado, por exemplo, eram 60. Na base, estão principalmente fintechs, bancos digitais, wallets, mas a Celcoin vem despertando interesse cada vez mais de players não financeiros, como varejistas, marketplaces, ERPs, entre outros.

Em 2020, a fintech transacionou R$ 11 bilhões. Mensalmente, a plataforma processa R$ 2,5 bilhões, quantia 73% superior à de dezembro de 2020. Para se ter uma ideia, em julho, o volume financeiro transacionado era de cerca de R$ 1,5 bilhão. A expectativa é encerrar 2021 com R$ 30 bilhões.

O pacote de APIs da fintech inclui pagamento de contas, tributos, transferências via TED, Pix, recargas de celular, saques e depósitos na Rede Banco24Horas, débito automático, gift cards, entre outras. Este ano, também passou a disponibilizar APIs de Open Banking tanto para instituições que querem acessar dados de usuários, quanto para empresas que precisam abrir os dados no âmbito do novo sistema.

Na outra ponta, a Celcoin construiu uma rede de pequenos varejistas, que usam um aplicativo criado pela fintech para oferecer produtos e serviços financeiros aos seus clientes.

Ao todo, cerca de 37 mil lojistas que atuam como correspondentes digitais em dois terços dos municípios brasileiros, principalmente nas regiões Norte e Nordeste e fora dos grandes centros urbanos. Essa rede de agentes também funciona como ponto de saque e depósito para fintechs e bancos.

“Estamos credenciando os correspondentes como agentes do Pix Saque, e vamos fornecer essa infraestrutura para os nossos clientes. É quase que uma nova funcionalidade dentro desse ‘one-stop-shop’”, revela Marcelo.

A avenida de crescimento do negócio passa, ainda, por M&A, conforme o empreendedor já havia contado ao Finsiders em julho. Há negociações sendo concluídas, segundo ele, com o objetivo de agregar outros produtos e serviços financeiros à plataforma. “Queremos assumir mais essa posição de consolidador”, destaca, sem abrir detalhes sobre os deals.

Contexto

Fundada em 2016 por Marcelo e Adriano Meirinho, a Celcoin tinha como ideia inicial da Celcoin ser uma conta digital para desbancarizados, mas o negócio precisou ser pivotado. Desde o início, a fintech captou R$ 84 milhões em investimentos. Em sua última rodada, anunciada em julho, a empresa levantou R$ 55 milhões, trazendo a Sinqia — fornecedora de soluções para o setor financeiro — para o captable. O valuation (post-money) foi 5x maior em relação ao round anterior.

Na lista de investidores, a Celcoin tem também a gestora Vox Capital — no captable desde 2019 — além do boostLAB, hub de negócios para empresas tech do BTG Pactual — que entrou como investidor em outubro de 2020, numa rodada de R$ 23 milhões.

Com soluções de Open Banking e sua evolução, Open Finance, os players incluem nomes como Quanto (que recebeu o aval para a licença de IP em outubro), além de Belvo e Klavi (que nasceu como CrediGO). A lista, inclusive, diminuiu nos últimos meses com os recentes M&As — a Olivia foi comprada pelo Nubank e o Guiabolso, pelo PicPay.

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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