TECNOLOGIA

Fintech Greg quer automatizar 'split' de pagamentos físicos

Startup mineira acaba de levantar R$ 2 milhões com o fundo Hiker Ventures, da boutique de M&A Araújo Fontes

Rodrigo Moreira (em pé) e Guilherme Chernicharo/Hiker, e Eduardo Ferreira/Greg - Imagem: Divulgação
Rodrigo Moreira (em pé) e Guilherme Chernicharo/Hiker, e Eduardo Ferreira/Greg - Imagem: Divulgação

Em meados de 2016, o cientista da computação mineiro Eduardo Ferreira montou um software para organizar a contabilidade da clínica médica de seu concunhado. Foi quando percebeu que essa “dor” não era exclusiva dele e fundou, no início de 2017, a ContSelf. Mas ao testar a solução com um grupo de médicos, identificou que o split de pagamentos, na realidade, era o principal desafio para esses profissionais. A saída, então, foi pivotar o negócio. 

A fintech desenvolveu uma tecnologia que divide, de forma automatizada, os pagamentos feitos pelos consumidores por consultas, exames ou tratamentos, os valores destinados à própria clínica, assim como os repasses para profissionais e/ou fornecedores. Com isso, elimina a bitributação, além de realizar no mesmo momento a conciliação fiscal por meio da emissão das notas fiscais correspondentes. Hoje a solução funciona com consultas e procedimentos particulares, ou seja, sem envolvimento de planos de saúde. 

De lá pra cá, a startup ganhou mercado e se especializou em saúde. Ao todo, atende mais de 8 mil profissionais do setor e 235 mil consumidores. Com mais de 500 estabelecimentos na área como clientes, a empresa transacionou R$ 300 milhões, no acumulado dos últimos quatro anos. A projeção é atingir um TPV de R$ 500 milhões em 2024.

Novos segmentos

Agora, a fintech enxerga na ampliação para outros setores sua próxima avenida de crescimento. O objetivo da empresa, que passa a se chamar Greg, é “agregar valor” (daí o novo nome) em áreas que também operam com uma rede de prestadores de serviços. É caso, por exemplo, de varejistas, oficinas mecânicas, salões de cabeleireiros e pet shops.

O foco está em split de pagamentos físicos. “Existe muita concorrência em split no mundo online”, explica Eduardo Ferreira, CEO e fundador da Greg, em entrevista ao Finsiders Brasil.

Para colocar em prática o plano, a fintech acaba de levantar um aporte de R$ 2 milhões com a Hiker Ventures, fundo de venture capital da gestora AF Invest, um dos braços de investimento da boutique de M&A Araújo Fontes. É o segundo cheque na história da Greg, que já havia captado R$ 1 milhão com a Previsa Contabilidade, também de Belo Horizonte. 

“Olhamos várias outras empresas. Algumas faziam split, mas não a conciliação. Em outras, as clínicas lançavam no ERP, mas não tinha integração. No sistema da Greg, está tudo integrado”, conta Rodrigo Moreira, um dos sócios da Hiker Ventures. “A Greg tem todas as condições, incluindo equipe especializada e tecnologia proprietária, para expandir sua atuação nesse segmento”, complementa Guilherme Chernicharo, também sócio do fundo.

Próximos passos

Além da solução de split e conciliação, seu carro-chefe, a fintech oferece antecipação de recebíveis e vai passar a disponibilizar modalidades como parcelamento sem cartão de crédito (via boleto) e serviço de pagamento a fornecedores. “Estamos reformulando o parcelamento e o pagamento a fornecedores. Nossa ideia é ser o cockpit financeiro dessas empresas que têm uma rede de prestadores de serviço”, diz Eduardo.

De acordo com o CEO, a expectativa é evoluir em parcerias com canais de distribuição, incluindo adquirentes e ERPs. “Nós publicamos o aplicativo dentro das lojas das adquirentes. No caso dos ERPs, esses sistemas colocam nossa solução como módulo adicional”, exemplifica o empreendedor. Atualmente, os produtos e serviços da Greg têm integração com os principais meios de pagamento, como Pix, boleto, cartões e dinheiro em espécie.

O modelo de negócio é software como serviço (SaaS, na sigla em inglês). Além da receita da assinatura de serviços, a Greg ganha a cada transação feita na plataforma. A fintech não revela o faturamento, nem quanto espera ter de receita nesta nova fase.

Com foco em empresas B2B, a Hiker tem R$ 20 milhões em recursos para investir e está captando outros R$ 30 milhões. Além da Greg, o fundo anunciou dois outros aportes nos últimos meses: a Fluna, startup de automação e integração de processos, e a healthtech Radarfit. “Somos agnósticos, mas tem alguns setores que gostamos mais, como saúde, fintechs e indústrias. Entramos no early-stage, com cheque entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões”, diz Rodrigo.