O nome Yuno foi inspirado em uma famosa personagem de anime japonês, os fundadores são colombianos, a fintech se diz global – e quem comanda o negócio aqui desde maio é um brasileiro, Nathan Marion.
Marion acredita que a oferta da Yuno é única no mercado, e por essa razão acha factível a meta de processar 5% dos pagamentos online feitos no país até o final de 2024. De acordo com os números relativos ao primeiro trimestre deste ano divulgados pela Abecs, o total de compras remotas com cartões ficou em R$ 180 milhões, no total de R$ 840 milhões transacionados. Ou seja, hoje cerca de 80% dos pagamentos do varejo no Brasil ainda são físicos: “Ainda estamos muito no offlline. Isso significa que estamos em frente a uma baita oportunidade”, diz.
Embora não seja (nem queira ser) uma instituição regulada pelo Banco Central, a Yuno se define como fintech porque suas soluções são exclusivamente voltadas para pagamentos. “Fazemos o que há dez anos faziam os gateways de pagamentos. Mas todos foram comprados (como a Braspag pela Cielo, por exemplo), e hoje fazem parte da oferta de grandes grupos. Existem poucos ‘orquestradores’ puros no Brasil e nenhum especializado em grandes empresas”, afirma. O modelo de negócios é baseado na cobrança de mensalidade, mais uma taxa de sucesso.
A Yuno foca em clientes que realizam mais de 50 mil transações por mês – sejam brasileiros, brasileiros com negócios fora daqui ou estrangeiros com operações no Brasil. Os clientes em potencial são de setores como varejo, provedores de digital goods/services, utilities, viagens, games, apostas, educação e seguros – todo negócio que precisa tomar decisões de risco de forma automatizada e que processa grandes volumes de transações, explica Marion.
Otimismo com o Brasil
A Yuno espera terminar 2023 com um volume transacionado na América Latina equivalente a US$ 1 bilhão, dos quais grande parte no Brasil – conservadoramente falando, se metade for obtido aqui, significaria cerca de R$ 2,5 bilhões.
Mas tal otimismo, segundo Marion, tem fundamento. Os fundadores da Yuno são Juan Pablo Ortega e Julián Núñes, cofundador e ex-executivo da Rappi – ou seja, a fintech é mais um dos filhotes do bem-sucedido aplicativo de entregas (um fênomeno que o mercado apelidou de Máfia Rappi). Esse foi um dos fatores que teria levado investidores de peso, como Monashees e Kaszek, a endossarem um cheque de US$ 10 milhões para a fintech na sua rodada pre-seed em 2021.
O general manager no Brasil lista também outros motivos para que o Brasil esteja no centro da estratégia da Yuno: muitas inovações em pagamentos têm ganhado tração, como as wallets, e muitas outras estão por vir, como PIX parcelado “sem contar as que não conseguimos prever”; cada vez mais brasileiros têm acesso a serviços financeiros e ingressam no mundo do consumo online; e quanto mais difícil está o cenário macro para o varejo, mais necessário é para o setor investir em soluções que tragam eficiência – aí entra a Yuno, segundo Marion.
Segundo o executivo, a Yuno já tem parcerias com os principais métodos de pagamento no Brasil, como Getnet, Rede, Stone, Cielo e Pix; e atende clientes como a Rappi (claro!), McDonalds e a companhia aérea Viva Air.
O substantivo feminino orquestração remete à arte musical, mas foi incorporado pela área de TI como sinônimo de configuração, gerenciamento e coordenação automatizada de serviços, aplicações e sistemas. Segundo Marion, orquestrar pagamentos é ser “a estrutura definitiva, a última integração que o cliente precisa fazer: é só ligar e desligar as opções. O mercado de pagamentos online no Brasil é muito fragmentado, é preciso oferecer tudo, mas é muito difícil administrar”, explica, acrescentando que além da orquestração dos diferentes meios, a Yuno também otimiza as integrações que o cliente já tem. “Não negociamos em nome deles, apenas funcionamos como conector, como hub – o que amplia seu poder da barganha”.
O que os clientes querem
Orquestrador de pagamentos é um software como serviço (SaaS) que opera como camada técnica entre o negócio e o mundo dos provedores, como PSPs e adquirentes, acessada por meio de uma API, para facilitar a integração e o tratamento de vários provedores de pagamentos (ex. adquirentes, bancos, gateway de pagamentos e fornecedores de prevenção de fraudes); fornecer acesso a uma variedade de métodos de pagamento; e otimizar o desempenho dos pagamentos.
Um dos players do mercado, a canadense Nuvei, acaba de divulgar um guia realizado em parceria com a Edgar, Dunn & Company (EDC), sobre o negócio de orquestração de pagamentos com mais de 100 empresas globais de diversos setores, e descobriu que os clientes esperam que os orquestradores ofereçam:
- Conexão com muitos provedores de serviços de pagamento
- Roteamento inteligente de transações
- Tokenização/conformidade PCI-DSS
- Prevenção de fraudes
- Conciliação e relatórios
Abaixo, outros insights que o guia traz: