A crise provocada pela pandemia de covid-19 fez a informalidade disparar do início de 2020 para cá. Neste grupo, está a maior parte dos entregadores e motoristas de aplicativo, uma categoria de autônomos que cresceu substancialmente, com o aumento do desemprego. São profissionais que sofrem para comprovar renda e, por consequência, têm dificuldade para acessar crédito e outros produtos financeiros.
Fintechs novatas como Plific e Trampay desenvolveram soluções que incluem conta digital, gerenciador financeiro, antecipação de recebíveis e produtos de seguros para atender um público que somava aproximadamente 1,5 milhão de pessoas ao final de 2021, conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), embora as estimativas de mercado apontem para um contingente muito maior.
Segundo a pesquisa do Ipea, com base em dados da PNAD Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os trabalhadores da ‘gig economy’ no setor de transportes brasileiro são, em maioria, homens, pretos e pardos, sem ensino superior e com rendimentos entre R$ 900 e R$ 1,9 mil.
“São pessoas de 18 a 35 anos, muitos deles sendo a principal fonte de renda da família”, destaca Jorge Júnior, CEO e cofundador da Trampay, uma fintech de impacto social que funciona como uma plataforma de benefícios para o trabalhador.
No caso dos entregadores, explica o empreendedor, eles podem atuar de maneira direta com os apps como iFood e Rappi (modalidade conhecida como ‘nuvem’) ou vinculados a operadores logísticos (OLs), que funcionam como intermediários entre os aplicativos de delivery e os entregadores. Atualmente, o Brasil possui cerca de 1 mil OLs, conforme dados da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol).
No mundo, startups como Lana (que atua no México, Chile e Peru) e ImaliPay (da África do Sul) vêm avançando com soluções para entregadores e motoristas de app.
Por aqui, dá para contar nos dedos de uma mão as empresas com oferta financeira de olho nesse público — Plific e Trampay são as principais. As maiores plataformas, como iFood, Rappi, 99 e Uber, também têm suas próprias iniciativas — a Uber, por exemplo, tem parceria com o Digio, banco digitla do Bradesco, e a Rappi montou seu próprio banco digital, o RappiBank, a partir de um “acqui-hiring” com a Zen Finance.
Conheça as histórias de Trampay e Plific nestas reportagens:
Trampay quer ser o ecossistema de soluções para entregadores e negocia aporte
Depois do gerenciador financeiro, Plific lança antecipação de recebíveis