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Os serviços financeiros estão realmente ficando mais segmentados. Além do ‘banco digital’ para franquias, hoje é a vez também FreteBras, plataforma online de transporte de cargas, lançar sua conta digital para pagamento de fretes rodoviários. A partir de agora, os motoristas terão o recebimento do saldo do frete garantido, o que representa quase a totalidade do lucro do motorista na viagem.
Já para as empresas contratantes, a vantagem principal é o retorno financeiro de parte dos pagamentos efetuados pela plataforma. Outra novidade anunciada pela empresa é uma nova linha de crédito para capital de giro. A expectativa é disponibilizar para as transportadoras assinantes R$ 300 milhões em crédito para pagamento de fretes até o final deste ano.
“Vimos oportunidades de não só trazer novas linhas de receita e ter novos produtos, mas de estreitar o relacionamento com nosso público”, afirma Kauê Santos, head de soluções financeiras da FreteBras, em entrevista exclusiva ao Finsiders.
Até o fim do ano, a empresa também diz que oferecerá mais de R$ 15 milhões em cashback sobre as transações de frete efetuadas por meio de sua solução financeira, como forma de apoio às transportadoras que enfrentam longos prazos de recebimento dos clientes. O cashback está limitado a 1% do valor do frete, com teto de R$ 5 mil por mês, durante três meses. Além disso, em breve, também será disponibilizada uma oferta de tags de pedágio em parceria com a Veloe, tanto para empresas como para os motoristas.
O potencial da nova conta digital é relevante. Fundada em 2008 em Catalão, interior de Goiás, a FreteBras possui mais de 500 mil caminhoneiros cadastrados em sua plataforma e mais de doze mil empresas assinantes, que publicam cerca de 600 mil fretes por mês.
No Brasil, o volume de fretes movimentados em 2020 foi 62% maior do que o registrado no ano anterior, de acordo com uma pesquisa realizada pela própria FreteBras. Puxa a fila o setor de construção, que fechou o ano passado com um volume 90% maior em comparação à 2019. Em seguida, está o agronegócio, que encerrou 2020 com um aumento de 71,3% em relação ao ano anterior.
Pandemia
Apesar de oferecer seus serviços de forma totalmente remota, a empresa sentiu os impactos causados pela pandemia logo no início. De março para abril, por exemplo, a FreteBras registrou uma queda de mais de 40% no volume de fretes publicados, números que foram superados a partir do mês seguinte, mostrando que a digitalização dos setores foi ainda maior para o ramo de transportes. “O caminhoneiro não tinha mais a opção de estar fisicamente num ponto de coleta de fretes. Então ele vê a plataforma como uma oportunidade para ele poder seguir e não parar durante esse período”.
Outro apontamento feito por ele foi a oportunidade de capilarização oferecida pela pandemia. Apesar de alguns segmentos terem apresentado queda na distribuição dos serviços, outros tiveram um aumento considerável. “Enquanto o setor de bens de consumo duráveis caiu, por exemplo, setores mais básicos como alimentação cresceram. Então a gente consegue equilibrar as demandas e não depender de um único setor”, destaca Santos.
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Em setembro do ano passado, a empresa recebeu um aporte de R$ 95 milhões liderado pelo BID Invest, braço de investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Questionado pelo Finsiders sobre a possibilidade de investimentos futuros, Bruno Hacad, diretor de operações da FreteBras, disse que não há nada concreto até o momento.
“O mercado está bem aquecido, a gente sabe disso. Ainda tem muita coisa pra gente fazer com esse dinheiro que a gente pegou. Hoje a nossa maior preocupação é como a gente investe da melhor forma. Mas conversas sempre acontecem”, diz. “Nosso CFO nunca está parado”, acrescenta Santos.
Fintechzação em alta
A FreteBras não é a única a desenvolver produtos e serviços financeiros no setor de transportes e logística. A Nimbi, da área de compras e logística, firmou recentemente uma parceria com a Hub Fintech, de soluções para conta digitais, recebíveis e pagamentos corporativos para construir toda a infraestrutura tecnológica do banco digital que passará a oferecer aos seus clientes. Como a novidade, a Nimbi espera movimentar R$ 1 bilhão até dezembro.
Na semana passada, a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) e seu braço financeiro, a Volkswagen Financial Services, colocaram no ar a Trucker Pay, ‘banco digital’ para facilitar transações realizadas por frotistas, transportadoras e caminhoneiros, inclusive os autônomos. Pelo app, será possível pagar pedágio, abastecimento em postos de combustível, além de compra de peças e reparos em oficinas conveniadas. Em entrevista ao Estadão, Roberto Cortes, presidente da VWCO, disse que no futuro também será possível oferecer crédito para a compra de caminhão ou seguro de veículos.
No ano passado, a TruckPad, marketplace digital de fretes, também lançou sua carteira digital, chamada TruckPad Pay, para permitir que os motoristas de caminhões recebam o pagamento de seus fretes e o utilizem em produtos e serviços automotivos ou transfiram para suas contas pessoais.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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