Fundada por ex-BB, Oppens vai começar a operar neste semestre

No início de novembro, a fintech Oppens recebeu autorização do Banco Central para funcionar como Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP)

No fim de 2020, Paulo Bissacot decidiu deixar a vida corporativa para embarcar na primeira jornada empreendedora. Aos 52 anos, o executivo — que fez carreira como líder da área de tecnologia no Banco do Brasil (BB) e foi superintendente de TI no Banco Original entre 2019 e 2020 — resolveu tirar do papel o projeto de uma fintech de crédito, a Oppens.

Após cerca de um ano de desenvolvimento, o negócio está prestes a começar a funcionar. A expectativa é lançar as primeiras operações no primeiro semestre deste ano, no modelo de ‘peer-to-peer’ (P2P) lending. “Vamos iniciar com foco em pessoas físicas e ao longo de 2023 ampliaremos para PJs”, conta Paulo, ao Finsiders. “Temos a expectativa de fazer R$ 1 milhão em receitas no primeiro ano.”

Ao contrário de outras fintechs de crédito, que primeiro construíram os negócios via parcerias para depois pedir autorização própria ao regulador, a Oppens optou pelo caminho inverso. Antes de colocar o “bloco na rua”, a empresa entrou com pedido no Banco Central (BC) para operar como uma Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), autorização que recebeu no início de novembro de 2022.

Paulo Bissacot, CEO da Oppens. Foto: Divulgação/Oppens
Paulo Bissacot, CEO da Oppens. Foto: Divulgação/Oppens

O desafio da Oppens será se diferenciar em meio ao ambiente extremamente competitivo. Uma das apostas da startup está na utilização dos dados oriundos do Open Finance e de ferramentas de inteligência artificial e machine learning para fazer uma oferta de crédito mais personalizada e assertiva. “O uso do dado para permitir a ‘hiper personalização’ ainda é fraco. Acho que conseguimos atuar nessa fraqueza do mercado”, afirma Paulo.

Outra oportunidade, cita ele, é a abertura do mercado que está sendo pavimentada pelo Open Finance e sua integração com o Pix. Exemplo disso é a possibilidade de as fintechs de crédito (SCDs e SEPs) atuarem como iniciadoras de transação de pagamento (ITPs), uma novidade trazida pela Resolução 5050, publicada em novembro do ano passado. “Isso é fantástico. Facilita a transação e elimina a necessidade do tomador sair de onde está para ir até o app do banco.”

Ao mesmo tempo, o ex-executivo e agora empreendedor diz que está montando uma estrutura “sólida de segurança e identificação digital” de tomadores e investidores, que inclui parcerias com empresas como Serpro e Serasa. “Estamos nos cercando para oferecer uma solução diferenciada”, conta Paulo. “Também vamos ter um mote importante de educação financeira”, diz ele. Como o próprio nome já indica, a Oppens quer ser “aberta” a todos, plural e inclusiva.

Fundada no ano passado por Paulo e seu irmão, André Bissacot — que comanda a o BPO financeiro Maiu —, a Oppens vem sendo construída com recursos próprios e o plano prevê um crescimento orgânico neste primeiro momento. “Não fomos atrás de rodada de investimento”, afirma Paulo.

Mercado

A Oppens é o nome mais recente a se juntar à lista de SEPs autorizadas a funcionar no Brasil. No total, são 11 instituições que têm essa licença, conforme dados do BC. Na lista estão players que desbravaram esse segmento, como Nexoos (vendida à Ame Digital em 2021), Mova (comprada no ano passado pela britânica Experian, dona da Serasa no Brasil), Peak Invest, entre outras.

“Quando comecei a estudar o P2P lending no Brasil, vi que existiam alguns players atuando [diretamente com a modalidade], enquanto outros também optaram por montar soluções de infraestrutura, de ‘crédito como serviço’. Entendemos que podemos atuar nas duas vertentes”, observa Paulo.

Apesar da expansão nos últimos anos, o volume de crédito concedido por fintechs no país ainda é ínfimo comparado com o mercado como um todo. De acordo com estudo recente divulgado pela Serasa Experian, a participação de startups do segmento financeiro que concedem crédito teve um salto entre 2016 e 2021, passando de 0,15% para 1,18%. Em 2021, os recursos emprestados por essas empresas atingiram R$ 55 bilhões.

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