NEGÓCIOS

'iFood de Roraima' capta R$ 7,5 milhões para escalar operação

Cerca de 30% será destinado à contratação de executivos seniores, outros 30% ao desenvolvimento de novos produtos e tecnologia e os 40% restantes ao marketing

Leonardo Seefeld (esq) e Laercio Gentil/Pigz | Imagem: divulgação
Leonardo Seefeld (esq) e Laercio Gentil/Pigz | Imagem: divulgação

A Pigz, fintech criada em Boa Vista (RR) com o objetivo de oferecer soluções de pagamento e gestão para pequenos empreendedores, está fechando sua primeira rodada de investimento. O valor, de R$ 7,5 milhões, é equivalente a 10% da empresa. Fundada em 2020 pelos empreendedores Laercio Gentil (que atua como CEO) e Leonardo Seefeld (diretor de tecnologia), em plena pandemia, a startup surgiu para “empoderar” o pequeno comerciante fora do eixo Rio–São Paulo. Antes de fundar a Pigz, eles eram representantes da Stone na capital de Roraima.

Em entrevista exclusiva ao Finsiders Brasil, os sócios dizem que os recursos vão expandir a operação nacionalmente. Cerca de 30% será destinado à contratação de executivos seniores, outros 30% ao desenvolvimento de novos produtos e tecnologia. Os 40% restantes ao marketing e para a abertura de novos canais de distribuição. A meta é atingir 15 mil clientes ativos nos próximos três anos. E alcançar uma receita anual de R$ 113 milhões. Hoje, o faturamento está em torno de R$ 6 milhões/ano.

Modelo de negócios

O modelo de negócios da Pigz é baseada em dois pilares. Uma estratégia de tecnologia proprietária; e controle de ponta a ponta da jornada do cliente, integrando venda, atendimento, gestão e recebimento. A empresa opera com monetização híbrida. Cobra mensalidades fixas (a partir de R$ 79) por assinatura do software — o que garante receita recorrente previsível. E também recebe uma fração das transações realizadas na plataforma, por meio da taxa de adquirência (MDR). Toda a infraestrutura é própria, incluindo a maquininha Pigz Tap e a plataforma de pagamentos, que está conectada a instituições financeiras parceiras.

A proposta da Pigz inclui cardápio digital, site de delivery white label, autoatendimento via QR Code, vendas com maquininha integrada, comandas eletrônicas para bares e eventos, controle de estoque, conciliação financeira e painel de gestão com dados em tempo real. “A gente não vende só uma maquininha ou um site de delivery. Vendemos a operação inteira digitalizada. Isso reduz o retrabalho, melhora a margem e economiza gente”, diz Leonardo.

Hoje, a Pigz atende mais de dois mil clientes ativos em 26 estados e mais de 380 cidades, com forte presença nas regiões Norte e Nordeste, que concentram 65% da base. Desde a fundação, a empresa já processou mais de R$ 3 bilhões em transações, sendo R$ 1,2 bilhão apenas em 2024. O ticket médio dos estabelecimentos gira em torno de R$ 7,5 mil por mês.

O foco da fintech está no pequeno empreendedor — o dono do restaurante de bairro, do bar local, da casa de eventos — que historicamente foi negligenciado por grandes operadoras e marketplaces. “Esse é o cliente que não tem gerente de banco, que não entende de taxa, que faz tudo no caderno. Mas é quem movimenta o bairro, a cidade, o interior”, explica Laercio.

Projeções

As projeções da empresa são ambiciosas. Com o novo investimento, a Pigz estima gerar R$ 9,2 milhões de receita no primeiro ano pós-aporte, R$ 56 milhões no segundo e R$ 113 milhões no terceiro. A estrutura societária segue controlada pelos fundadores, com 50% de participação cada. A governança já vem sendo preparada para a entrada de novos investidores, mantendo foco em crescimento sustentável, rentabilidade e impacto local.

“Somos uma empresa de gente do Norte, para o Brasil real. Nossa missão é devolver margem para o pequeno e dar a ele ferramentas que só os grandes tinham, mas de um jeito simples e acessível”, diz Laercio. A Pigz aposta que é justamente essa origem fora do eixo, aliada à construção de uma tecnologia pensada para o cotidiano do pequeno comerciante, que vai permitir conquistar o País de fora para dentro.