A fintech americana Intuit, cujo principal produto no país é o QuickBooks, está em crescimento acelerado no Brasil. Entre março de 2020 e março deste ano, a base de clientes por aqui saltou 234% — a empresa não divulga o número total, mas dá uma projeção.
“A ideia é atingir, até 2025, 500 mil clientes. Pela velocidade em que estamos, vamos atingir antes, provavelmente”, diz ao FinsidersDavi Viana, country manager da Intuit no Brasil, que assumiu o cargo em janeiro deste ano, no lugar de Lars Leber, que foi comandar a empresa na Austrália.
Por aqui, os números crescentes chegam com uma novidade: a partir de agora, clientes em mais de 1 mil cidades poderão emitir notas fiscais de Serviços (NFS-e) por meio do QuickBooks. Essa aceleração na ampliação dos serviços ocorre após a Intuit firmar parceria com a Migrate, empresa de gestão e emissão de documentos fiscais eletrônicos. Até então, a fintech americana tinha o desafio de integrar individualmente com cada uma das novas cidades que desejava adicionar ao QuickBooks.
Segundo Viana, uma das explicações para esse rápido crescimento se deve à vantagem possibilitada pela solução em automatizar tarefas, proporcionando que o usuário ganhe tempo com uma gestão financeira mais assertiva.
“Isso permite ao empresário se dedicar a outras atividades e prioridades. Nossa plataforma e nossos produtos ajudam os clientes a ganhar mais dinheiro com a menor quantidade de trabalho, dando a eles total confiança para suas ações e tomadas de decisões. Nosso ecossistema de inovação e gestão financeira serve mais de 50 milhões de clientes em todo o mundo”, conta.
Davi Viana (Reprodução/Instagram).
Além de notas fiscais de serviço, o QuickBooks possui outras funcionalidades como acompanhamento do fluxo de caixa, controle de contas a pagar e receber, emissão e envio de boletos, controle financeiro, relatórios customizados, entre outras.
Viana conta que a Intuit tem trabalhado em novas soluções para reduzir o tempo gasto com emissão de notas e boletos, por exemplo, de forma a otimizar essa atividade. “Um desejo é ter emissão de nota com um clique. Experiência fora do padrão é fazer com um clique. Estamos olhando para o que é cada vez mais core. Depois dessa experiência, plugar marketplace de crédito não é grande desafio. Mas precisa ter uma base relevante aderente ao produto. O grande problema das empresas de ERP hoje é a retenção.”
Mas a expansão para serviços financeiros não está descartada. Deve ficar para o futuro. “Temos muito espaço para avançar na área financeira”, reconhece o executivo. “A partir do ano que vem, pensamos em parceria mais para BaaS, pagamentos e crédito”, diz.
Natural do Ceará, Davi fundou em 2012 a Avante — empresa de microcrédito para pequenos empreendedores . Passou, ainda, por Itaú Unibanco e Totvs até chegar na Intuit, onde está há um ano e meio. “Aqui estamos falando de empreendedor MEI e Simples Nacional. Já existia uma grande necessidade de digitalização desses negócios, e a pandemia só acelerou isso”, conta.
Ele ressalta que se antes, ter um software de gestão financeira era questão de luxo para as empresas, hoje virou uma questão de necessidade. Além disso, aconselha que para estar bem posicionado no marketplace, é preciso que as empresas tenham estoque e preço muito bem organizados, além da preocupação em entregar uma experiência superior à concorrência.
“Não queremos dar um passo antes. Na questão do ecossistema, temos tentado via parceria. Um dos nossos diferenciais é fazer a core bem feita. Hoje, depois de 37 anos, adquirimos a CrediKarma para acelerar a oferta do ecossistema e também adquirimos a Tradegecko que se tornou QuickBooks Commerce. Quem vai dominar esse ecossistema é quem tem a melhor experiência. Usuário quer ganhar tempo, SMB [small and medium business] quer tempo para focar no core”, diz. “Tem boa parte da base usando CreditKarma nos EUA. É natural que vá para UK e Austrália. Nosso NPS é 41. A gente vê indústria rodando 31. É difícil manter esse negócio rodando com consistência”, completa.
Davi avalia que outras grandes empresas do segmento também têm realizado investimentos grandiosos, mas esquecendo do produto final, que é o cliente. “São pontas diferentes. E têm poder de fogo grande. No final do dia, é experiência e serviço. Todo mundo preocupado em abraçar o mundo. Tem pouca gente fazendo M&A pensando no cliente. Acredito muito mais em compra que tenha experiência melhor. Ou fazer parcerias relevantes”, acredita.
No mundo, a companhia coleciona mais de 57 milhões deles — 8 milhões sendo pequenos e micro empresários — e teve receita de US$ 7,7 bilhões. Hoje, é avaliada em US$ 115,2 bilhões.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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