A infratech pernambucana Kalea, que faz o meio de campo entre pequenos negócios e
instituições financeiras, está ampliando serviços e clientela. Seu principal trunfo, por ora, segue a
ser um marketplace às avessas no qual os candidatos a empréstimos, após terem seus
indicadores chancelados pela casa, são apresentados a potenciais financiadores. A diversificação
teve início há um mês, quando a startup, instalada no Porto Digital de Recife, realizou sua primeira
grande aposta nos doadores de recursos com o lançamento, em etapa piloto, do Kalea 3.0.
“A ideia principal é facilitar e agilizar o processo de aprovação das linhas de crédito”, diz o
fundador Luiz Falbo Di Cavalcanti. “Na prática, estamos assumindo a execução de algumas das
tarefas das instituições que se interessam pelas empresas apresentadas em nossa plataforma.”
O apoio se concentra no back office, uma área em que o sistema financeiro ainda tem muito a
evoluir em termos de automação. O robô da infratech mantém contato com os potenciais
tomadores, por meio do portal e de mensagens por WhatstasApp, até que eles atendam todos os
requisitos estabelecidos por bancos, financeiras, fintechs, factorings e fundos de investimento em
direitos creditórios (FIDCs). Quando tudo está nos devidos conformes, o cliente é avisado.
“O gerente de um banco, por exemplo, não precisa cobrar esta ou aquela certidão da empresa ‘X’.
Ele pode acompanhar a proposta por meio de tokens da Kalea”, diz Falbo. “Ao final do processo,
basta apertar um botão para integrar o cadastro da nova cliente ao sistema do banco”.
Ainda em fase de testes, a novidade já vem gerando frutos. No momento, a infratech, que opera
com 15 instituições e mantém um cadastro com mais de mil empresas, mantém negociações
avançadas sobre o Kalea 3.0 com dois grandes bancos. De quebra, está prestes a garantir o
acesso ao seu market place a duas fintechs com musculaturas já bem desenvolvidas e começa a
registrar consultas e sondagens em escala crescente por parte de FIDCs. “A elevação da taxa
Selic contribuiu, claro, para a recente alavancagem dessa demanda. Os agentes de mercado
estão em busca de opções para mitigar riscos na concessão de crédito”, assinala Falbo.
Há apenas três anos na praça, a startup nordestina já ostenta no currículo chancelas de causar
inveja à maior parte das empresas inovadoras do chamado “Sul maravilha”. Entre 2020 e 2021,
por exemplo, ela participou do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (Lift Lab),
coordenado pelo Banco Central (BC), recebeu apoio da Microsoft para o desenvolvimento do seu
market place e ganhou espaço no hub de inovação do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) no
Porto Digital, onde deu início à sua operação comercial. Além disso, recebeu, desde dezembro,
aportes, de valores não revelados, do Fundo de Desenvolvimento Econômico, Científico,
Tecnológico e de Inovação (Fundeci), administrado pelo BNB, e do incensado Saints Investments.
“Fomos indicados ao Saints, que concentra boa parte do PIB pernambucano, pelo Silvio Meira, o
presidente do conselho administrativo do Porto Digital”, diz o fundador da Kalea, que vinha sendo
atentamente acompanhada por Meira há algum tempo. “Já seguíamos uma das duas vertentes
recomendadas por ele, a da plataformização – com o market place –, e agora ingressamos na
segunda, com o Kalea 3.0. Estamos, portanto, seguindo a trilha prescrita por um craque na área.”.
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