*Atualizações:
- em 30/10 a Conductor, fintech BaaS (“banco como serviço”, na sigla em inglês) anunciou captação de US$ 150 milhões para expandir seus negócios na América Latina, antes de uma possível listagem no mercado de ações dos Estados Unidos, disse o presidente-executivo, Antonio Soares, à Reuters.
- O presidente da Asaas, Piero Contezini, confirmou a ida para os Estados Unidos.
Asaas, a55, TuTu Digital, LogBank, Monkey Exchange, Sellers Funding… essas são apenas algumas das mais de 20 fintechs brasileiras que estão, neste momento, com olhos voltados para o mercado internacional. Os nomes foram citados pelos sócios do Grupo Drummond, Bruno Drummond e Marcelo Carrullo, que estão assessorando a maioria desses negócios.
A TuTu Digital, uma plataforma P2P que reúne investidores a empresas que precisam de empréstimos, quer entrar nos EUA no ano que vem. “Sabemos que o desafio é grande, mas nosso modelo é replicável. E temos certeza de que há uma demanda enorme nos EUA por investimento em classes de ativos alternativos”, diz Alan Martins, fundador e CEO da fintech.
A Asaas e a a55 obtiveram aportes de investidores recentemente. A primeira é uma plataforma para gestão e automatização dos processos de recebimento e cobranças, além de utilização do saldo da conta para recarregar cartão pré-pago, emissão de notas fiscais e antecipação de recebíveis; a segunda conecta contas bancárias, soluções de custódia, faturamento, meios de pagamento e inteligência de crédito para clientes com receitas previsíveis. A a55 é mexicana mas se instalou no Brasil e agora quer voar para os EUA, segundo Drummond.
Ambas são residentes do inovabra habitat – e ambas precisam de mais ajuda (dinheiro e consultoria) para se internacionalizar. Fintechs Brasil procurou as duas mas, até agora, só a Asaas deu retorno, confirmando sua entrada nos EUA.
Já a Sellers Funding está nos EUA mas tem um sócio brasileiro (Fabio D. Knijnik). Depois de abrir uma operação na Europa, mira o mercado brasileiro. A fintech é uma das principais fornecedoras de funding para a Amazon – e pode acoplar sua infraestrutura a qualquer e-commerce, como americanas.com ou Mercado Livre, explica Carrullo. Procurado, Knijnik não retornou.
Parceria Drummond – Bossa Nova
Algumas dessas fintechs são fortes candidatas a fazer parte do novo pool de internacionalização estruturado pela Drummond Ventures e Bossa Nova Investimentos. Anunciado no começo deste mês, o pool – espécie de confraria de investidores “cativos” das duas casas – está ainda em fase de seleção das startups. A ideia é investir R$ 15 milhões em até 15 empresas brasileiras inovadoras de base tecnológica que já estejam em um momento que permite sua globalização. “Em 10 dias, já captamos R$ 5 milhões. Assim que atingirmos 50% da meta, começaremos os investimentos”, diz Carrullo.
O pool de internacionalização, assim como os outros da Bossa Nova, conta com um comitê de “notáveis”- gente muito experiente no mercado – para avaliar as startups candidatas. E privilegia as que estão em estágio inicial.
João Kepler, sócio fundador da Bossa Nova e investidor anjo desde 2009, explica que seu foco sempre foi ajudar a maior quantidade possível de empresas. “Preferimos investir R$ 1 milhão em 10 empresas em vez de em uma só. Assim, ajudamos mais empreendedores a gerar mais empregos”, afirma. E, claro, essa também é uma boa estratégia para diluir riscos para os investidores. Segundo Kepler, em pouco mais de três anos de vida e mais de 700 investimentos, a Bossa Nova saiu de 17 deles com lucro e teve 42 prejuízos.
“Existe demanda por investimentos, mas a preferência aqui nos EUA é por empresas já habituadas a ter capital de terceiros, a preparar relatórios, reportar-se a um board e conviver com a obrigação de dar retorno ao acionista. Com a peneira e o treinamento dado pela Bossa Nova, teremos um excelente leque de startups para apresentar aos nossos investidores”, diz Carrullo.
O Grupo Drummond, criado há dez anos em Boston, tem dois pilares: o de serviços (financeiros, legais, consultoria) e o de investidor em startups – a Drummond Ventures. No pool de internacionalização com a Bossa Nova, o Drummond vai aportar sua expertise de serviços, embora tenha atuado como investidor em algumas delas.
Dois casos à parte
O objetivo do pool de internacionalização de startups é financiar empresas em early stage. Por isso, das seis fintechs citadas no começo dessa reportagem, pelos menos uma, o LogBank, não vai participar: comprada pela Stefanini em agosto, segundo Carrullo “requer um cheque bem mais alto” para entrar nos EUA. O LogBank é uma plataforma BaaS que oferece infraestrutura para que os clientes possam usar suas marcas próprias em cartões e outros serviços financeiros.
A Monkey Exchange anunciou na semana passada sua expansão na América Latina.”Devemos duplicar o negócio com a operação fora do país”, diz Gustavo Muller, CEO e fundador da fintech. Até meados de junho de 2021, a empresa investirá ao redor de R$ 6 milhões no projeto. “Por enquanto, vamos focar na região, não conseguimos pensar nos EUA ainda”.