O compartilhamento de dados no Open Finance está crescendo de forma acelerada. Ao final de março, a quantidade de consentimentos chegou a 28,3 milhões, contra 18,7 milhões em dezembro de 2022. Em relação a junho de 2022, a alta é de 322%, ou seja, mais de 4x. No primeiro trimestre deste ano, foram adicionados por mês, em média, cerca de 3,2 milhões de novos consentimentos, sendo a maioria de pessoas físicas.
As informações, divulgadas com exclusividade ao Finsiders, fazem parte de um levantamento produzido pela área de Open Finance da consultoria Bip, em parceria com a plataforma de conteúdo especializada Let’s Open. O material considera apenas dados públicos, reportados pelas instituições participantes do sistema.
O recorte feito pela consultoria analisa a evolução do Open Finance no Brasil até o primeiro trimestre, mas é possível notar que o crescimento manteve o mesmo ritmo em abril, por exemplo. Ao final daquele mês, o número de consentimentos superou a marca de 30 milhões de consentimentos.
Para Luigi Iervolino, sócio e head de Open Finance da consultoria Bip, o crescimento se deu, em grande parte, em razão do estímulo ao compartilhamento de dados praticado por grandes bancos.
“Houve, ainda, uma adesão voluntária ao compartilhamento de dados por bancos digitais como Nubank, instituições tradicionais como XP e cooperativas”, analisa. “Também contribuiu para este quadro de expansão a facilidade dos brasileiros na adaptação às novas tecnologias.”
Os consentimentos únicos ainda estão concentrados, naturalmente, em clientes pessoas físicas das instituições, mas é possível observar um avanço mais acelerado no compartilhamento de dados por empresas. Entre dezembro de 2022 e março deste ano, o número de consentimentos únicos de PJs cresceu 40%, enquanto a expansão desse indicador entre PFs foi de 31% no mesmo período.
“Mesmo sendo embrionário, está começando a crescer o compartilhamento de dados de clientes PJ”, aponta Luigi.
Nubank, Itaú e BB
O levantamento da Bip indica, ainda, que a maior parte das recepções de dados de usuários finais entre instituições, uma das principais características do Open Finance, ficou concentrada entre três conglomerados: Nubank (41%), Itaú (24,6%) e Banco do Brasil (17,5%). O número de chamadas, ressalva a pesquisa, pode ser influenciado pela frequência com que uma determinada instituição atualiza os dados.
O estudo também mapeou as principais APIs utilizadas no Open Finance no período. O consumo de dados, entre janeiro e março de 2023, esteve concentrado em APIs de contas e de cartão de crédito, as quais têm informações atualizadas constantemente — ao contrário das demais APIs que detêm dados mais estáticos.
Na visão de Gabriel Pereira, fundador da Let’s Open, o ecossistema está amadurecendo não só do ponto de vista de jornadas e disponibilidade de APIs, mas também de utilização das novas informações disponíveis. “As equipes têm focado em personalização de ofertas para clientes, novas abordagens e produtos, aumentando naturalmente o consumo das APIs do Open Finance”, afirma.
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