PAGAMENTOS

Nuvei aposta em bets e adquirência própria para crescer no Brasil

A fintech global de pagamentos, que está no Brasil há sete anos, vê muitas oportunidades na regulamentação das bets e na adquirência própria

Rafael Lopes/Nuvei - Imagem: divugação
Rafael Lopes/Nuvei - Imagem: divugação

Atualizada às 13h40 para corrigir a informação sobre maquininhas de cartões

A fintech global de pagamentos Nuvei aposta em bets e adquirência própria para crescer no Brasil. Ela acaba de lançar sua própria credenciadora na Colômbia, dois anos após a compra da fintech local Paymentez. E fez o mesmo na Austrália no final do ano passado.

“A Nuvei tem sido muito ativa em aquisições, principalmente nos últimos cinco anos. Mas desenvolver soluções próprias e sob medida para cada mercado onde atua sempre foi relevante para sua estratégia”, diz em entrevista ao portal Rafael Lopes, diretor de Expansão Global da Nuvei América Latina.

“Sempre começamos com adquirentes locais, e desenvolver a própria empresa é sempre o e próximo passo. Ainda temos passos para percorrer antes de fazer isso no Brasil. A demanda e os reportes para os reguladores muda”, diz. Na Colômbia, além de ser um país menor e com menos exigências regulatórias do que o Brasil, o fato de ter comprado a Paymentez ajudou a acelerar o processo. Em relação a aquisições no Brasil, Rafael admite que é uma possibilidade, mas não a única.

Apesar da concorrência crescente, o mercado brasileiro de adquirência (também conhecido como credenciamento) está atraindo cada vez mais fintechs, como RecargaPay, PicPay e Stark Bank. Há, em paralelo, um movimento para fechar o capital dessas credenciadoras, como o Itaú fez com a Rede e Bradesco e Banco do Brasil estão em vias de fazer com a Cielo.

Aposta nas ‘bets’

Para quem tem uma grande base de clientes em pagamentos eletrônicos, como a Nuvei, a vantagem é evidente. Ao fechar o capital com a venda para a Advent (leia mais abaixo), a Nuvei também se coloca em melhores condições para competir nesse negócio.

Além da adquirência própria, a Nuvei vê a regulamentação das apostas esportivas por aqui como sua principal alavanca para crescer. Pagamentos para jogos online está na origem da criação da Nuvei. Hoje, atua em outras áreas como e-commerce convencional, criptomoedas, viagens e serviços de streamings, por exemplo.

“Com a regulamentação o mercado deixa de ser obscuro, perda esse estigma”, acredita Rafel. A Nuvei acredita tanto no potencial de faturamento, como já deu até entrada no Banco Central para ser operador oficial de pagamentos. “A nova portaria 827 deu prazo até 31/12 para que os operadores estejam licenciados, e quem se candidatar nos próximos 90 dias terá prioridade na análise do BC”, diz Rafael.

O mercado de apostas teve um ‘boom’ gigantesco no Brasil nos últimos três anos, principalmente no mercado de futebol. “Hoje não tem um time de futebol grande sem que uma bet seja a principal patrocinadora – a exceção é o Palmeiras”, lembra. “Mesmo assim, ainda deve crescer mais de dois dígitos por ano nos próximos cinco anos”, acredita o executivo. Rafael entrou na Nuvei como diretor de vendas de produtos digitais há dois anos, e há seis meses virou diretor para expansão.

Fechamento do capital

Segundo Rafael, o Brasil é o principal mercado para a empresa na América Latina, que representa apenas 11% das receitas de US$ 1,2 bilhão da Nuvei em 2023, quando a empresa processou US$ 203 bihões em pagamentos e completou 20 anos de vida. O resultado no primeiro trimestre veio com prejuízo líquido de US$ 4,8 milhões. Já o lucro líquido ajustado diminuiu 3%, para US$ 62,5 milhões. A Nuvei conecta empresas como Shein, BetMGM, MIcrosoft e SAP aos seus clientes em mais de 200 mercados, com adquirência local em 50 deles, transacionando em 150 moedas e aceitando mais 700 métodos de pagamento.

Em 1º de abril a Nuvei celebrou um acordo definitivo para venda à Advent International, um dos maiores investidores globais de private equity. A transação vai tirar a Nuvei da bolsa e  será totalmente paga em dinheiro, no valor de aproximadamente US$ 6,3 bilhões. O fundador, Philip Fayer, vai vender 95% das suas ações e ficar com 24% da nova companhia.