O board da Vanq agora tem ex-VP do JP Morgan e ex-advisor do Nubank

O amadurecimento do ecossistema financeiro tem feito surgir uma “nova geração” de fintechs, que vai muito além de conta digital, serviços bancários e crédito. Um exemplo disso é a Vanq, uma startup mineira early-stage que se propõe a resolver aquela “confusão” de pessoas com múltiplos cartões de crédito.

Prestes a lançar sua operação piloto com cerca de 300 usuários — a lista de espera passa de 25 mil pessoas —, a fintech já levantou um round pré-seed de R$ 3 milhões com Chisel Venture Capital e investidores-anjos como Marco Túlio Kehdi e André Palis, fundadores da empresa de marketing digital Raccoon.

Enquanto prepara uma nova rodada de captação, prevista ainda para este ano, a Vanq acaba de anunciar, com exclusividade ao Finsiders, um board de advisors que inclui executivos como Andrey Nousi, ex-VP do JP Morgan na Suíça e atual CEO da Nousi Finance; Eugenio Caner, ex-conselheiro do Nubank e atual CEO da Murabei Data Science; Marcelo Miranda, ex-CEO da Precon Engenharia e atual CEO da Consolis Tecnyconta; e Felipe Veloso, ex-economista do Bank of America (BofA) e cofundador da Freezing Fox World Society.

Os quatro se juntam a outros dois nomes, que já estão no conselho há mais de um ano: Gustavo Caetano, fundador da Sambatech, conselheiro da C&A e sócio da Raccoon; e Leonardo Cruz, ex-sócio da Monte Bravo e atual sócio da Mergus Ventures e da Koinz Capital.

“A experiência deles chega num momento muito oportuno. Eles trarão valiosos insights que contribuirão para ajustar e aperfeiçoar nossa operação. Isso vai nos possibilitar avançar rapidamente com mais confiança e segurança”, diz Daniel Cária, fundador da Vanq, ao Finsiders. “Nossa meta é fechar 2023 com cerca de 100 mil usuários na plataforma.”


Proposta de valor e mercado

O empreendedor está de olho em um mercado com aproximadamente 14 milhões de pessoas que têm três ou mais cartões de crédito no país, conforme cruzamento de dados da Febraban, Serasa, do Banco Central e Instituto Locomotiva.

Na fila de espera de pessoas que fizeram pré-cadastro no site da fintech estão, basicamente, jovens entre 20 e 35 anos, profissionais liberais e empreendedores, adeptos de novas tecnologias e que utilizam quatro ou mais cartões de crédito.

Daniel Cária, fundador da Vanq (Divulgação)
Daniel Cária, fundador da Vanq (Divulgação)

Com intenção de unificar todos os cartões de crédito num só — com a versão física e a virtual, controlada diretamente pelo app —, a Vanq já fechou uma parceria operacional com uma bandeira internacional, de nome não revelado.

“Desenvolvemos uma interface focada em simplificar e ter poucos elementos na tela. Lá na frente a ideia é ser um unificador financeiro, agregando novas features, mas em princípio vamos funcionar como unificador de cartões”, explica Daniel.

O empreendedor enfatiza que o objetivo não é concorrer com os bancos, e sim ser parceiro. No futuro, o sonho é se tornar uma espécie de sistema operacional do dinheiro, simplificando e conectando a vida financeira das pessoas. “Vamos trabalhar primeiro na linha de cartão inteligente, e num futuro próximo a unificação dos limites, possibilitando ao usuário comprar um só produto com dois ou três cartões”, cita.

A proposta de valor da Vanq tem no roadmap, ainda, um marketplace com produtos financeiros e criptoativos, além de cashback. “Vamos fazer parcerias com bancos e fintechs”, diz Daniel. A inteligência de dados é outra aposta da startup. “A ideia é fazer um ‘Power BI financeiro’, puxando dados de diversas fontes, sempre com consentimento do usuário, e apresentando tudo de forma simples em dashboards.”

Outro diferencial, diz o empreendedor, é que o aplicativo atua como um firewall financeiro. Quando cadastrados no app, os números dos cartões de crédito são tokenizados e não ficam disponíveis nem para o próprio usuário. No caso de perda ou furto, não poderão ser utilizados sem a senha. O produto físico, inclusive, vem sem o número impresso, numa proposta de cartão ‘low-key’.

O modelo de negócio da Vanq será ‘freemium’, com um produto básico gratuito e planos pagos. “No primeiro momento, vamos começar com produto pago, até para validar o que o usuário quer utilizar”, diz Daniel. A política de preços ainda está em desenvolvimento.

Trajetória

Aos 32 anos, Daniel começou sua vida profissional trabalhando no cursinho pré-vestibular da tia, em Belo Horizonte. Foi vendedor de carros e shopping, e já empreendeu duas vezes — montou a Nutrifuel, fabricante de refeições funcionais, e a House of Cycling, agência de marketing esportivo e produtora de eventos. “Meu foco sempre foi claro: desenvolver habilidades corporativas e de negociação, sem deixar de lado as habilidades de gestão”, conta.

A ideia da Vanq — que, claro, ainda não tinha esse nome — surgiu em 2013, quando o mineiro sofreu na pele a “dor” de gerenciar múltiplos cartões. “Às vezes gastava mais porque não tinha uma visão global de todos os cartões. Me deparei com alguns modelos no exterior, mas isso acontecia via hardware”, relembra. Seis anos depois, Daniel desengavetou o projeto, depois de pesquisar bastante sobre arranjos de pagamento e tecnologia.

E para quem ficou curioso sobre o nome da startup, Vanq remete ao termo francês avant-garde, que significa guarda na frente de combate, mas também vanguarda, sinal de pioneirismo. “E o fator ‘Q’, na física dos condutores, define a qualidade de transmissão das informações. Juntando tudo, significa que queremos criar produtos novos, com qualidade e segurança”, diz Daniel.

No Brasil, a proposta da Vanq é inaugural, mas em outros países já há quem busque unificar cartões. É o caso da britânica Curve, que já levantou US$ 182,5 milhões, segundo o Crunchbase.

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