EMPRÉSTIMOS

Open Finance pode resgatar mais de 60% dos 'rejeitados' no crédito

A conclusão é resultado de uma experiência realizada pelo Bom Pra Crédito, que acaba de fechar parceria com a Belvo para lançar a BPC Check.

Leonardo Grapeia/BPC (esq) e ALbert Morales/Belvo - Imagem: Divugação
Leonardo Grapeia/BPC (esq) e ALbert Morales/Belvo - Imagem: Divugação

O Open Finance pode resgatar mais de 60% dos ‘rejeitados’ no mercado de crédito. Esta foi a conclusão de uma experiência realizada pelo marketplace Bom Pra Crédito recentemente. E foi o que inspirou sua parceria com a Belvo para lançar o BPC Check.

“Decidimos pedir a autorização para usar dados provenientes do Open Finance a 838 clientes que tiveram seu pedido de crédito negado na nossa plataforma. O objetivo era realizar uma oferta mais assertiva para ampliar a aprovação”, revela Leonardo Grapeia, membro do Conselho Consultivo da BPC. “E 84% deles deram consentimento. Com isso, 61% deles tiveram sua solicitação de crédito revertida de negada para aprovada”, diz.

“A parceria faz sentido pois ambas têm fintechs, bancos, fundos e financeiras como clientes – e ao mesmo tempo, uma é complementar à outra”, diz Leonardo. A Belvo é especialista na coleta de dados enquanto a BPC, em analisá-los.

“Os dados que chegam para o setor financeiro não são suficientes porque não são tratados, não são insights, são dados crus. A BPC Check pretende entregá-los de um jeito mais eficiente”, diz Albert Morales, diretor geral da Belvo. Quando começou, a BPC oferecia crédito as a service (CaaS) e depois mudou o posicionamento para ser uma marketplace. “Mas continuamos aprimorando o modelo anterior”.

Spin off

A parceria pode evoluir e se transformar em uma empresa independente. A solução já foi contratada por uma das quatro maiores montadoras de automóveis atuantes no País, e implantada em 30 das suas concessionárias em três estados. A plataforma atende a 2,4 mil concessionarias e financiou 400 mil veículos em 2023.

Eles também dizem que estão testando o piloto com uma rede de varejo que tem seu próprio cartão de crédito co-branded; e que estão em vias de fechar com outra grande montadora de veículos bastante forte na venda de motos. “No financiamento de motos a negativa é muito alta, acima de 90%, pois a maioria dos compradores não tem histórico de crédito nem emprego com carteira assinada”, diz Albert.

BPC e Belvo acreditam que a solução pode ajudar não apenas montadoras e varejo, mas qualquer empresa que precise monitorar o perfil financeiro ou capacidade de pagamento de uma pessoa física (como financeiras, empresas de telecomunicação, construtoras, imobiliárias, locadoras de carros) a analisar rapidamente e de forma precisa a situação financeira de seus clientes, e oferecer melhores propostas de financiamento.

Entre 9 e 15 de março de 2024 foram registradas perto de 1,5 bilhão de chamadas totais de API, mas as específicas para empréstimos foram de apenas 117 milhões no período. Ou seja, ainda têm uma participação tímida no total: 8%.

Albert diz, ainda, que além de dar mais acesso a quem hoje não consegue crédito, a intenção do BPC Check é também apresentar uma análise mais completa para as financeiras, para consigam cobrar juros menores. “Quem compra carro financiado acaba levando um e pagando dois”, diz.

Segundo Leonardo, a meta da BPC Check é fechar com pelo menos um novo parceiro por mês e atingir faturamento superior a R$ 60 milhões em 2024.

Na prática

O BPC Check se estrutura em três grandes eixos para qualificar, originar e monitorar dados dos clientes. Somente a BPC espera lucrar R$ 7 milhões – o valor equivale à metade do resultado projetado pela empresa para este ano.

Além de aumentar aprovação, os executivos acreditam que o BPC Check pode ajudar a mitigar fraudes, apuração mais fidedigna da renda dos devedores e monitoramento constante da qualidade. Isso pode ser útil para a instituição que dá o credito fazer correção de rota se preciso, explicam.

“Até agora, a aceitação dos clientes por compartilhar seus dados através da BPC Check está em torno de 80%”.