ESTRATÉGIA

Pagsmile aposta em licença de IP e no potencial do Pix para crescer em 2025

Ao Finsiders Brasil, o CEO Marlon Tseng revelou que a fintech está em fase final de obtenção da licença de Instituição de Pagamento (IP)

Marlon Tseng/Pagsmile
Marlon Tseng/Pagsmile | Imagem: divulgação

A Pagsmile está ampliando sua atuação para além dos pagamentos cross-border e entrando no negócio de banking. A empresa de origem chinesa, que começou como uma solução para pagamentos de jogos online, está em processo de obtenção da licença de Instituição de Pagamento (IP) junto ao Banco Central (BC). Em paralelo, está desenvolvendo sua infraestrutura para oferecer contas para pessoas físicas (PFs) e jurídicas (PJs), além de atuar com Pix indireto, facilitando a operação de outras empresas no setor de pagamentos.

“Estamos nos aprofundando cada vez mais na parte de banking. Nosso objetivo é permitir que negócios tenham acesso a serviços financeiros completos, desde a intermediação de pagamentos até a gestão integrada de contas e transações internacionais”, afirma o CEO e co-fundador Marlon Tseng.

Atualmente, a Pagsmile opera fundamentalmente como um gateway de pagamentos. Segundo Marlon, processa mais de US$ 500 milhões por mês globalmente – 10% disso somente no Brasil – e oferece mais de 150 métodos de pagamento. Entre eles, estão cartão de crédito, boleto, transferência bancária e opções alternativas como pagamentos em lotéricas e via telefone. A empresa facilita transações para setores como e-commerce, iGaming e streaming, permitindo que negócios internacionais operem no Brasil e em outros mercados emergentes.

Banco digital

A transição da Pagsmile para um modelo mais próximo ao de um banco digital faz parte de uma estratégia de longo prazo. “Nosso objetivo é consolidar a empresa como uma plataforma financeira completa. Vamos oferecer serviços bancários, pagamentos e soluções de gestão financeira para empresas internacionais e locais”, diz Marlon.

A movimentação acompanha o crescimento do Pix no Brasil, que já responde por mais de 75% das transações financeiras no País. Entre as novas funcionalidades previstas, o CEO destaca o Pix Automático, previsto para lançamento pelo BC ainda no primeiro semestre. A ferramenta permitirá cobranças automáticas para serviços e produtos diversos, sem a necessidade de um cartão de crédito vinculado.

“Hoje, o débito automático está muito restrito a contas de serviços básicos, como água e luz. O Pix Automático abrirá essa possibilidade para muitos outros segmentos, facilitando pagamentos e impulsionando novos modelos de negócios”, explica.

Expansão regional

A Pagsmile também está expandindo sua atuação em outros países da América Latina. Segundo Marlon, um dos diferenciais da empresa é consolidar múltiplas moedas e operações cross-border em um único sistema, facilitando a gestão e a conciliação para empresas internacionais que operam na região.

“O cliente final pode ter uma gestão mais simplificada, com transparência nas taxas e maior facilidade na conciliação de pagamentos em diferentes países. Criamos arranjos de pagamento em várias localidades, mas tudo é centralizado em nosso sistema”, afirma.

Atualmente, a Pagsmile processa quase 20 milhões de transações por mês na América Latina. “O mercado de pagamentos cross-border segue em crescimento. Em 2023, o volume global foi de US$ 190 trilhões, e a previsão é que alcance US$ 290 trilhões até 2030. Estamos posicionados para capturar parte dessa oportunidade”, afirma.

Origem e trajetória

A Pagsmile nasceu em 2017 como um spin-off da X-Cloud Game, uma publicadora de jogos digitais de origem chinesa que atuava no Brasil e na América Latina. A mudança para o setor de pagamentos ocorreu a partir da necessidade de solucionar problemas operacionais enfrentados na época, como falta de transparência em custos e dificuldades com câmbio e conciliação financeira.

“No início, trabalhávamos com jogos digitais e tínhamos dificuldades com os provedores de pagamento. Decidimos criar nosso próprio arranjo para ganhar mais controle sobre os custos e a operação. Com o tempo, percebemos que outras empresas estrangeiras enfrentavam os mesmos desafios e decidimos focar 100% no processamento de pagamentos”, conta Marlon.

Com o crescimento do mobile gaming e a migração dos jogos para as lojas de aplicativos, a empresa pivotou seu modelo de negócios e passou a intermediar pagamentos para empresas internacionais que atuam no Brasil.

Tendências globais

A ascensão do Pix no Brasil reflete uma tendência já observada na China, onde serviços como Alipay e WeChat Pay popularizaram pagamentos via QR Code antes mesmo da implementação do sistema brasileiro.

“Na China, já era muito comum pagar com QR Code. Hoje, já existem tecnologias que permitem pagamento via leitura da palma da mão, sem a necessidade de celular ou cartão. Esse tipo de inovação melhora a experiência do usuário e tende a se expandir globalmente”.